O consumo de álcool está começando cada vez mais cedo no Brasil. A última Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, realizada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que 47% dos estudantes entre 13 e 17 anos já ficaram embriagados pelo menos uma vez, 2,6% relataram blecaute alcoólico e 3,4% ingeriram bebida a ponto de, mais de uma vez, outras pessoas solicitarem para que parassem de beber.
Essa prática de consumo excessivo de álcool nessa faixa etária está relacionada ao microbioma intestinal, um complexo de espécies de microrganismos que vivem no trato digestivo e afetam em diversas formas a saúde, de acordo com um estudo conduzido por pesquisadores da APC Microbiome, um centro de pesquisa com sede na University College Cork, na Irlanda.
Os resultados indicam que o microbioma intestinal parece regular o funcionamento do cérebro e, especificamente, das emoções. As alterações foram associadas à pouca capacidade de cognição social, impulsividade e ao desejo de consumir álcool.
“Esses achados podem ajudar no desenvolvimento de dietas ou intervenções direcionadas à microbiota para modular positivamente a comunicação intestino-cérebro durante esse período vulnerável da adolescência, antes que um vício se desenvolva”, disse o professor John Cryan, vice-presidente de pesquisa e inovação da universidade.
O consumo excessivo de álcool está associado a um risco aumentado de desenvolver transtornos e apresentar alterações cognitivas que podem persistir na vida adulta. O estudo foi publicado no periódico The Lancet eBioMedicine.