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Como acabar com a ameaça à saúde pública imposta pela Covid-19

Especialistas estabelecem 57 recomendações em seis áreas: comunicação; sistemas de saúde; vacinação; prevenção; tratamento e cuidados; e desigualdades

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 3 nov 2022, 15h42

O coronavírus continua circulando entre nós. Embora alguns governos tenham praticamente eliminado todas as medidas protetivas contra a Covid-19, um novo estudo publicado nesta quinta-feira 3, na revista Nature, diz que ainda são necessários esforços e recursos específicos para salvar vidas.

Este é um dos seis principais temas que compõe um grande painel de especialistas de diferentes áreas, com recomendações para acabar com a Covid-19 como uma ameaça à saúde pública. Em todo o mundo, mais de 180 organizações de 72 países já endossaram os resultados do estudo, liderado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), instituição apoiada pela Fundação “La Caixa”, na Espanha.

Até outubro de 2022, já foram registrados mais de 630 milhões de casos da doença e mais de 6,5 milhões de mortes (o real número de óbitos, porém, é estimado em mais de 20 milhões). Além disso, milhares de pacientes com câncer e doenças crônicas sofreram atrasos na assistência médica e a Covid longa – quando os sintomas são persistentes por um grande período de tempo – continua representando uma ameaça constante para os sobreviventes. O vírus também permanece acumulando mutações e criando variantes que podem torná-lo cada vez mais resistente. É exatamente por isso que muitos líderes de saúde pública, incluindo os autores deste estudo, insistem em considerar a Covid-19 como uma persistente e perigosa ameaça à saúde global.

Apesar dos notáveis ​​avanços científicos e médicos, a resposta do mundo à Covid-19 foi prejudicada por fatores políticos, sociais e comportamentais mais complexos, como a disseminação de fake news, hesitação em vacinas, coordenação global inconsistente e distribuição desigual de equipamentos, vacinas e tratamentos. “Cada país respondeu de forma diferente, e muitas vezes de forma inadequada, o que se deve em parte a uma séria falta de coordenação e objetivos claros”, diz Jeffrey V Lazarus, chefe do Grupo de Pesquisa de Sistemas de Saúde e codiretor do Programa de Infecções Virais e Bacterianas da ISGlobal, professor Associado da Universidade de Barcelona e coordenador do estudo.

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Para desenvolver um consenso global sobre como abordar essas questões no futuro, Lazarus e sua equipe realizaram um estudo Delphi – metodologia de pesquisa bem estabelecida que desafia os especialistas a obter consenso sobre respostas a questões complexas de pesquisa. Um painel multidisciplinar, com 386 acadêmicos, profissionais de saúde, ONGs, governos e outros especialistas de 112 países e territórios, participou de três rodadas de consultas estruturadas. O resultado é um conjunto de 41 declarações e 57 recomendações em seis grandes áreas: comunicação; sistemas de saúde; vacinação; prevenção; tratamento e cuidados; e desigualdades.

Três das recomendações mais bem classificadas são adotar uma estratégia de toda a sociedade que envolva múltiplas disciplinas, setores e pessoas atuantes para evitar esforços fragmentados; abordagens de todo o governo para identificar, revisar e abordar a resiliência nos sistemas de saúde, tornando-os mais responsivos às necessidades das pessoas; e manter uma cobertura de vacinas-plus, que inclui uma combinação de vacinação contra a Covid-19 e outras medidas estruturais e comportamentais de prevenção, tratamento e de apoio financeiro.

Os especialistas também priorizaram recomendações para o desenvolvimento de tecnologias que possam atingir as populações-alvo, além de comunicar-se efetivamente e reconstruir a confiança do público, envolvendo as comunidades na gestão de resposta à pandemia.

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Apenas seis recomendações tiveram mais de 5% de desacordo, incluindo a que considera incentivos econômicos adicionais para lidar com a hesitação da vacina ou uma abordagem de sintomas para diagnosticar a Covid-19 em ambientes com baixo acesso a testes.

Todas as 57 recomendações são direcionadas a governos, sistemas de saúde, indústria e outras partes interessadas importantes. “Na medida do possível, nossos resultados enfatizam recomendações de políticas sociais e de saúde que podem ser implementadas em meses, não anos, para ajudar a acabar com essa ameaça à saúde pública”, diz Quique Bassat, professor do ICREA no ISGlobal, co- autor do estudo e membro da Universidade de Barcelona.

“Nosso estudo ecoa algumas recomendações anteriores, como o Independent Panel for Pandemic Preparedness and Response e o plano 2022 da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre Preparação Estratégica”, diz Lazarus, que acrescenta: “Mas o que torna este trabalho único é o grande número de especialistas consultados, a ampla área geográfica de representação e o desenho do estudo, que enfatiza a construção de consenso e identifica áreas de desacordo. Pode vir a ser um modelo para o desenvolvimento de respostas a futuras emergências globais de saúde”, finaliza.

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