Cientistas da Capital Medical University, na China, relataram um provável caso de Alzheimer, doença que leva ao declínio cognitivo e afeta a autonomia em idosos, em um jovem de apenas 19 anos. O paciente manifestou sintomas de perda gradual da memória dois anos antes da realização de exames que detectaram a presença de acúmulo de placas de proteínas ligadas a quadros de demência, como a Tau. O achado foi considerado surpreendente pelo fato de apontar o possível diagnóstico mais precoce da doença relatado na literatura científica. Os resultados foram publicados no periódico Journal of Alzheimer’s Disease.
A investigação do caso teve início após o rapaz apresentar problemas de memória e de concentração. Ele também demonstrava dificuldade para leitura e atraso em suas reações. Diante disso, os pesquisadores submeteram o paciente a um Teste de Aprendizagem Auditiva Verbal da Organização Mundial da Saúde e da Universidade da Califórnia em Los Angeles (OMS-UCLA AVLT), uma das referências para detecção de sintomas, e constataram um comprometimento grave da memória. Até o momento, o relato de diagnóstico mais precoce era o de um jovem de 21 anos.
O grupo partiu, então, para testes mais aprofundados. Assim, exames de imagem apontaram pontos do cérebro atrofiados, algo que ocorre em pacientes com a doença, resultante da degeneração dos tecidos cerebrais. A análise do líquido cefalorraquidiano indicou o aumento da proteína Tau, um dos marcadores para a doença.
O que intrigou os cientistas neste caso é que o sequenciamento do genoma não apontou mutações genéticas conhecidas e que indicariam o início da condição. Em episódios com jovens com menos de 30 anos, essas mutações costumam estar presentes.
Os pesquisadores acreditam que os achados podem ajudar em estudos para analisar a natureza multifatorial da doença, que não tem cura, e avaliar esse tipo de demência sem o foco apenas no envelhecimento.
Segundo a OMS, o Alzheimer corresponde a até 70% dos episódios de demência e estima-se que a população acometida pela doença supera 55 milhões de pessoas. São diagnosticados 10 milhões de novos casos por ano. Entre os sintomas, estão: esquecimento, mudanças bruscas de comportamento, dificuldade para reconhecer amigos e parentes, limitações ao andar e necessidade de auxílio para a realização de atividades do dia a dia.