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Cientistas avançam na busca de vacina contra a malária

Em 2008, foram registrados 247 milhões de casos e um milhão de mortes por causa da doença

Por Natalia Cuminale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 Maio 2016, 16h37 - Publicado em 22 nov 2010, 15h00
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  • Pesquisadores americanos deram nesta semana um passo importante para encontrar a vacina contra a malária. Cientistas do Instituto de Pesquisa Walter Reed, do Exército dos Estados Unidos, começaram a testar em 28 voluntários uma vacina contra a forma menos letal da doença. Uma vacina teria um impacto muito grande no Brasil, já que esse tipo de malária é causada pelo parasita Plasmodium vivax, responsável por 85% dos casos no país.

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    As primeiras respostas sobre a eficácia da vacina virão nas próximas duas semanas. Isso, porém, não significa que a erradicação da malária esteja próxima. Os mais otimistas acreditam que uma vacina com 80% de eficácia esteja disponível somente em 2020. A doença ainda é considerada preocupante do ponto de vista de saúde pública. Em 2008, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), ocorreram 247 milhões casos e um milhão de mortes por causa do mal.

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    Transmitida pela picada do mosquito do gênero Anopheles, a malária é causada por parasitas chamados plasmodium. Existem quatro tipos de malária humana, sendo o Plasmodium vivax e o Plasmodium falciparum os mais comuns. Este segundo é fatal e mais comum em países africanos. Estima-se que a cada 45 segundos uma criança africana morre por conta da malária – doença responsável por 20% das mortes ocorridas na infância naquele continente. Com sintomas como febre, dores de cabeça, calafrios e cansaço, a malária mata principalmente crianças antes dos cinco anos e mulheres grávidas.

    Boas novas – A previsão é que a situação em relação à doença melhore no Brasil nos próximos anos. Em 2009, iniciou-se em sete países da África a maior fase de testes já realizada para o que pode vir a ser a primeira vacina contra a malária mais fatal. Os resultados da pesquisa, feita com 16.000 crianças entre seis semanas e 17 meses, devem estar disponíveis em 2013.

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    Segundo a literatura médica, o caso mais antigo de malária da história foi registrado no ano 450, mas foi somente em 1967 que se provou que era possível criar imunização contra a doença. A responsável foi a cientista Ruth Nussenzweig. Mais tarde, ao lado do marido, Victor Nussenzweig, ela encontrou a proteína que promove uma resposta imunológica ao mal. “Nas vacinas antigas, os pesquisadores usavam o parasita atenuado. Na malária não se pode fazer isso: é preciso procurar uma proteína que funcione tão bem como todo o parasita. E comprovadamente só há uma que funciona, a proteína que nós descobrimos”, diz Victor. A proteína descoberta pelo casal Nussenzweig é a que está sendo utilizada atualmente na pesquisa em fase final na África.

    Alvo – De acordo com Victor, o grande obstáculo à eficácia de uma vacina é encontrar o alvo. Carlos Magno, infectologista da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) de Botucatu, explica por que ser imune à malária não é simples: “É uma doença que você pode se curar e pegar de novo. Nem a infecção natural é protetora. Imagine a dificuldade de fazer um estímulo à imunidade que seja protetor. O grande desafio é onde você vai encontrar tantos componentes do parasita que sejam capazes de fazer com que você tenha uma resposta imunológica tão forte que adentre o parasita. A resistência existe porque eles têm muitas formas de se modificar.”

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    Outra dificuldade está em conseguir atestar a eficácia de uma vacina. Caso os achados sejam positivos, é preciso aumentar o número de pessoas submetidas ao teste, aplicar a vacina em áreas endêmicas, aprovar testes em crianças – e esperar as conclusões da pesquisa para saber se o que foi encontrado é realmente eficaz. Tudo isso leva tempo e consome dinheiro. No caso dessa vacina realizada na África, já foram gastos mais de 500 milhões de dólares. “Falta investimento porque malária não é uma doença das regiões desenvolvidas, não tem na Europa ou nos Estados Unidos”, diz Victor.

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    Como a doença só é contraída por pessoas que frequentam uma região endêmica – ou por transfusão de sangue contaminado -, a preocupação maior para esses países é em relação ao turismo e ao Exército. “Para acabar com a malária, só há duas maneiras: acabar com a pobreza ou arranjar uma maneira eficiente de vacina. É fato que o desenvolvimento econômico acaba com os mosquitos”, afirma Victor.

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    Brasil – Pesquisadores brasileiros também estão empenhados em desenvolver e testar vacinas. Dois grandes estudos estão sendo realizados por cientistas do país. O primeiro, liderado por Maurício Rodrigues, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), está tentando produzir uma vacina contra o Plasmodium vivax. O segundo, da equipe de Myrna Bonaldo, procura uma vacina para o Plasmodium falciparum.

    Os resultados desses estudos, porém, dependem de investimento. “A velocidade em que vão ser conduzidos os testes dependem da eficiência das instituições brasileiras em disponibilizar infra-estrutura adequada para a realização de experimentos”, afirma Claudio Daniel-Ribeiro é pesquisador e chefe do Centro de Pesquisas, Diagnóstico e Treinamento em Malária do Instituto Oswaldo Cruz.

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