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Casos globais de sarampo dobraram em 2023, diz OMS

Em 2024, tendência é de que número de novas infecções seja igual ou maior aos 321 mil do ano anterior

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2024, 12h51 - Publicado em 27 abr 2024, 19h11

A Organização Mundial da Saúde anunciou neste domingo, 27, que o numero de novos caso de sarampo quase dobrou em 2023 em relação ao ano anterior. Foram 321 mil novas infecções, um numero 88% maior do que o registrado em 2022, sendo Iêmen, Azerbaijão e Quirguistão os países com a maior incidência.

Os números foram anunciados na reunião anual da Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas, pelo pesquisador da Organização Mundial da Saúde, Patrick O’Connor. De acordo com ele, além da alta em 2023, com o triplo de países em surto em comparação com 2022, os dados de novas infecções reunidos até abril de 2024 sugerem que os números deste ano serão iguais ou superiores aos do ano anterior, o que aumenta a urgência de maiores medidas de proteção.

“Nos últimos 20 anos, houve progressos significativos no sentido de alcançar a eliminação do sarampo e da rubéola”, disse O’Connor. “Para solidificar e manter esses ganhos, precisamos de assegurar uma cobertura vacinal de rotina elevada, uniforme e equitativa; além da divulgação robusta e da resposta rápida a surtos.”

Os países pobres são os mais afetados pelo surto atual, com cerca de 94% de todos os casos. Regionalmente, a Europa é a principal área atingida, com 45% dos registros. “O vírus do sarampo é extremamente infeccioso e quaisquer lacunas na cobertura vacinal constituem um risco potencial de surto”, explica O’Connor. “Portanto, a cobertura precisa ser alta, mas também uniforme e equitativa.”

De fato, a vacinação é a principal forma de proteção e o Brasil é um exemplo de que qualquer descuido pode resultar em perigo. Em 2016, o país recebeu o certificado de eliminação do sarampo, mas logo perdeu a láurea quando a baixa cobertura vacinal levou a novos surtos no norte e no sudeste do país, fazendo o número de novas infecções acumulares mais de 40 mil a partir de 2017. Os indicadores de vacinação melhoraram a partir de 2022, fazendo com que o país possa voltar a receber o título neste ano, mas é fato que em 2022 o total de crianças desprotegidas ainda passava dos 2 milhões.

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A doença é preocupante por ser uma das mais contagiosas já conhecidas — de acordo com especialistas, em um cenário sem imunização, uma pessoa infectada pode passar a doença para até 90% dos seus contatos mais próximos. Entre os principais sintomas estão tosse, aumento da secreção nasal, dor de garganta, inflamação nos olhos e manchas vermelhas na pele. Não existe um medicamento para eliminar a infecção e os casos mais graves podem levar a morte.

Apesar do episódio brasileiro, a professora Hanna Nohynek, do Instituto Finlandês de Saúde e Bem-Estar, que também falou no evento, destacou o sucesso do controle da doença nas Américas. Por aqui, o sarampo foi a 5º doença prevenível por vacina a ser efetivamente eliminada, após a varíola, a poliomielite, a rubéola e a síndrome de rubéola congênita. De acordo com ela os programas bem-sucedidos de vacinação foram os principais responsáveis por esse fenômeno e a crise atual ainda representa uma oportunidade.

“Os países devem utilizar os casos e surtos de sarampo como rastreadores para identificar pontos fracos nos programas de imunização”, afirmou Nohynek. “A hesitação em vacinar é apenas uma componente que pode contribuir para uma menor cobertura – a desinformação, o acesso aos serviços e a vacinação incompleta também causam lacunas na imunização”.

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