Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Câncer de pâncreas: o projeto brasileiro que pode ser decisivo para salvar vidas

Ele busca fazer o diagnóstico em até 72 horas para aumentar as chances de sucesso no tratamento

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 set 2024, 12h37 - Publicado em 13 set 2024, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • VITAL - Fábrica de hormônios: pâncreas, localizado no abdome, produz substâncias como a insulina
    VITAL - Fábrica de hormônios: pâncreas, localizado no abdome, produz substâncias como a insulina (Science Photo Library RF/Getty Images)

    Até pouco tempo atrás, a notícia soava a sentença de morte. Um tumor sorrateiro e agressivo avança sem dar sinais claros numa glândula situada no abdome que responde pela produção de hormônios e enzimas digestivas. É o câncer de pâncreas, condição que afeta quase 11 000 brasileiros por ano, representa 5% das mortes no universo oncológico e, geralmente detectado em fase adiantada, limita bastante as possibilidades de cura. Nessas circunstâncias, não só a cirurgia não consegue resolver o problema como, apesar das inovações na área, faltam medicamentos e outros recursos capazes de virar o jogo. Uma certeza persiste: o diagnóstico precoce faz toda a diferença em prol da sobrevivência e do bem-estar do paciente. Daí a proposta adotada por um hospital de São Paulo de cercar casos suspeitos e bater o martelo sobre a doença quanto antes, a fim de iniciar o tratamento em um prazo de até 72 horas. Essa agilidade é capaz de salvar vidas.

    O programa One Stop Clinic, conduzido pelo A.C. Camargo Cancer Center, acaba de ser inaugurado com a missão de servir de atalho para os médicos flagrarem e contra-atacarem o tumor pancreático. Ele impõe obstáculos por ter sintomas inespecíficos, como quadros repentinos de diabetes e amarelamento da pele, que podem ser confundidos com outras enfermidades. Também não conta com exames de rastreamento, caso da mamografia (mama), colonoscopia (intestino) e toque retal (próstata). O diferencial do projeto paulistano é o estabelecimento de fluxos ao longo da jornada do paciente, com o encadeamento das agendas de exames e consultas para analisar, de forma célere, os achados. A integração das equipes e o uso de tecnologias para automatizar as etapas estão na base do protocolo. “Temos alertas imediatos que nos permitem discutir rapidamente e ter o resultado até de biópsias”, exemplifica o oncologista Felipe Coimbra, líder do Centro de Referência de Tumores do Aparelho Digestivo Alto do A.C. Camargo. A corrida contra o tempo se justifica. Um levantamento com dados de pacientes da instituição colhidos ao longo de quase vinte anos aponta um aumento de 460% nas chances de sobrevida quando as terapias entram em cena mais precocemente.

    arte câncer de pâncreas

    A meta é não deixar o câncer arruinar a glândula responsável pela fabricação da insulina — hormônio essencial para o controle dos níveis de açúcar no sangue — e de substâncias que participam da digestão de proteínas e gorduras. Mais do que isso, procura-se antecipar-se à disseminação das células tumorais por outros órgãos e tecidos, a metástase, o que derruba as chances de remissão da doença.

    Na oncologia, a rapidez entre diagnóstico e tratamento é uma máxima prevista por lei que, desde 2012, determina um prazo de sessenta dias entre as fases de reconhecimento e abordagem do problema, porém, isso nem sempre é cumprido. Uma pesquisa da empresa ALS Brasil e da biofarmacêutica Bristol Myers Squibb indica que 95% dos pacientes passam por até quatro especialistas até receber o diagnóstico e 74% só estão aptos a iniciar o tratamento em ao menos três meses. O fluxo de marcação de exames e consultas que resultará no laudo é a maior barreira, relatada por 60% das pessoas ouvidas.

    Continua após a publicidade
    FATOR DE RISCO - Maus hábitos: tabagismo e obesidade abrem portas à doença
    FATOR DE RISCO - Maus hábitos: tabagismo e obesidade abrem portas à doença (Sebastien Desarmaux/GODONG/Getty Images)

    Além da carência de sintomas e das lacunas no acesso, o câncer de pâncreas se aproveita de alguns hábitos extremamente populares. É o caso de tabagismo, consumo nocivo de álcool e dieta rica em ultraprocessados, que elevam o risco de alterações no órgão. O controle da doença, portanto, requer uma força-tarefa que abrange inclusive a conscientização e a mudança de estilo de vida. “É mais fácil ensinar uma criança a não comer certos alimentos e a praticar atividade física do que tratar o tumor”, afirma Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO). Outra estratégia crucial, reafirme-se, está na identificação ágil e assertiva. Quanto antes, melhor.

    Publicado em VEJA de 13 de setembro de 2024, edição nº 2910

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    2 meses por 8,00
    (equivalente a 4,00/mês)

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.