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Até que ponto a depressão pode influenciar no risco de demência?

Estudo mostra que em grupos específicos de pacientes deprimidos, as chances de distúrbios mentais aumentam consideravelmente

Por Diego Alejandro
Atualizado em 20 out 2022, 11h38 - Publicado em 20 out 2022, 11h17
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  • No Brasil, cerca de 2 milhões de pessoas vivem com alguma forma de demência, e a expectativa é que esse número triplique até 2050, e atinja 150 milhões no mundo, segundo estimativas do projeto Global Burden of Disease. Não existe cura ou tratamento eficaz para a doença, mas identificar maneiras de ajudar a minimizar ou prevenir a demência ajudaria a diminuir sua carga.

    O estudo, liderado por Jin-Tai Yu e Wei Cheng, médicos e professores da Universidade Fudan em Xangai, China, usa dados expressivos coletados pelo UK Biobank e analisa a relação entre a demência e a depressão. Ele figura na atual edição da revista Biological Psychiatry, publicada pela Elsevier.

    “Indivíduos mais velhos parecem experimentar diferentes padrões de depressão ao longo do tempo”, disse o professor Yu. “Portanto, a variabilidade interindividual nos sintomas pode conferir risco diferente de demência, bem como a heterogeneidade, na eficácia do tratamento da depressão em relação à prevenção dessa doença”.

    Para abordar essa diversidade, os pesquisadores classificaram os participantes em um dos quatro cursos de depressão: curso crescente, no qual os sintomas iniciais leves aumentam constantemente; curso decrescente, começando com sintomas de gravidade moderada ou alta, mas subsequentemente diminuindo; curso cronicamente alto, de sintomas depressivos graves contínuos; e curso cronicamente baixo, em que os sintomas depressivos leves ou moderados são mantidos de forma constante.

    Como esperado, o estudo descobriu que a depressão elevou o risco de demência – em alarmantes 51% em comparação com participantes não deprimidos. No entanto, o grau de risco dependia do curso da depressão; aqueles com depressão de curso crescente, cronicamente alto ou cronicamente baixo eram mais vulneráveis ​​à demência, enquanto aqueles com curso decrescente não enfrentavam maior risco do que as pessoas sem depressão.

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    O grupo de Yu e Cheng também questionou se o risco aumentado de demência poderia ser reduzido ao receber tratamento para depressão. No geral, sim. O tratamento reduziu em cerca de 30% o risco de demência, em comparação com os participantes não tratados. Aqueles com cursos de depressão crescentes e cronicamente baixos tiveram menor risco de demência com o tratamento, enquanto aqueles com um curso cronicamente alto não viram benefício do tratamento para o risco de demência.

    Isso indica que o tratamento oportuno da depressão é necessário entre aqueles com depressão tardia. “Fornecer tratamento para pessoas com depressão tardia pode não apenas reduzir os sintomas efetivos, como também adiar o início da demência”, acrescentou Cheng.

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