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As doenças silenciosas que aumentam a gravidade da Covid-19

Basta ter sobrepeso, por exemplo, para o organismo contaminado pelo novo coronavírus ter a versão mais grave da infecção

Por Alexandre Senechal Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 jun 2020, 18h35 - Publicado em 5 jun 2020, 18h21
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  • Pacientes que sofrem de alguma comorbidade pré-existente são mais vulneráveis para os sintomas do novo coronavírus. Aqueles que são internados e já sofrem com  hipertensão e diabetes e obesidade, por exemplo, têm mais risco de sofrer de infecções graves, ter um estado de saúde mais crítico e morrer por causa da Covid-19.  Os especialistas agora incluem o sobrepeso na lista dos fatores de risco.

    Antônio Carlos do Nascimento, doutor em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), explica que as comorbidades estão relacionadas normalmente ao excesso de peso e não afetam apenas pacientes que são visivelmente obesos, mas todos os que tem um índice de massa corporal (IMC) acima de 30. Essas condições pioram o estado da Covid-19 em pacientes.

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    “Os organismos mais saudáveis respondem melhor ao processo inflamatório da doença e, na maciça maioria das vezes, não acontece nada de grave. Quando pensamos nas comorbidades pré-existentes, as três que mais se sobressaem são a obesidade, a hipertensão e a diabetes, nesta ordem de importância. O organismo das pessoas com essas condições fica mais debilitado em vários aspectos, principalmente no quesito imunidade”, avalia Nascimento.

    No Brasil, 20% das pessoas tem um nível de IMC acima de 30 e estão sujeitos a sofrer com algum tipo de comorbidade por causa do sobrepeso. O médico afirma que até mesmo os obesos saudáveis podem sofrer com complicações caso sejam infectados, por causa da quantidade de gordura visceral. “Tem muitas substâncias geradas por essa gordura, que pode não evoluir agora para a diabetes, mas não deixa de ter uma série de problemas que são gerados por esse universo gorduroso. Sob a ótica inflamatória, pode gerar outros comprometimentos, inclusive imunológicos. Por isso ele é por si só um paciente de risco”.

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    Os pacientes hipertensos são afetados por quadros mais graves da Covid-19 não só por causa da condição em si, mas também pelo tratamento. A terapia hipertensiva bloqueia a angiotensina tipo 1 no corpo humano e, como resposta, o organismo produz um tipo 2 em maior quantidade. E é justamente a enzima conversora da angiotensina 2 (ECA-2) a utiliza pelo vírus para conseguir entrar na célula e se reproduzir. “Em tese, se não utilizar, a pessoa pode ser hipertensa, mas não estaria naquele grupo que pode facilitar a ação do vírus. Não temos como desconectar a própria hipertensão em um processo que favorece”, explica o endocrinologista.

    No caso dos diabéticos e também dos pré-diabéticos, o problema está no endotélio, a camada celular que reveste os vasos sanguíneos. “O açúcar que sobra no organismo se apega à parede do vaso e isso fragiliza o endotélio, de modo que as micro lesões e micro tromboses evoluem com mais facilidade e complicam o quadro infeccioso da Covid-19. Isso é determinante nos casos mais graves e temos visto que esses pacientes são mais suscetíveis a ter um quadro complicado”, afirma Antônio Carlos do Nascimento.

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