O câncer de mama é uma das neoplasias mais comuns entre as mulheres. No Brasil, o porcentual de novos casos por ano chega a 29%, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Por causa disso, muitas farmacêuticas têm voltado seus esforços à produção de medicamentos capazes de combater a doença. Nesta semana, por exemplo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o Herzuma, um medicamento biossimilar do trastuzumabe, indicado para o tratamento do câncer de mama HER2+, que são tumores agressivos capazes de se desenvolver muito mais rapidamente em comparação com outras formas de câncer mamário.
O Herzuma é um anticorpo monoclonal considerado uma terapia-alvo, ou seja, tem a capacidade de bloquear a multiplicação das células cancerígenas, sem atingir as células sadias. A medicação é recomendada tanto para casos de câncer de mama em estágio inicial como para metastáticos, mesmo para as mulheres que já tenham recebido outras terapias. Além disso, o novo biossimilar pode ser utilizado em diferentes fases do tratamento: após cirurgia, quimioterapia e radioterapia ou em conjunto com esses tratamentos e outras medicações para a doença.
“Essa modalidade de câncer de mama corresponde a 20% dos tumores diagnosticados. [Portanto,] a possibilidade de ampliar o acesso da paciente é fundamental para garantir um tratamento moderno, seguro e eficaz para uma doença cada vez mais presente no dia a dia das mulheres”, comentou Heraldo Marchezini, CEO da Biomm, farmacêutica brasileira que, em parceria com a sul-coreana Celltrion Healthcare (CHTC), traz a novidade para o Brasil.
O próximo passo é receber a aprovação da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), que analisará o preço do produto antes que ele possa ser comercializado no Brasil. De acordo com Marchezini, todo esse processo deve acontecer nos próximos meses e em breve o medicamento estará disponível para comercialização, permitindo uma nova opção de tratamento para a paciente brasileira.
Mercado de biossimilares
Os biossimilares são produtos biológicos produzidos a partir de moléculas criadas com organismos vivos. Eles diferem das medicações químicas tradicionais, mas são muito parecidos com os produtos de referência. Essas versões costumam ter um preço mais acessível, o que ajuda a ampliar o acesso dos pacientes a substâncias de alta tecnologia que proporcionam melhor qualidade de vida às pacientes.
O primeiro biossimilar do trastuzumabe foi aprovado pela Anvisa em dezembro de 2017 e começou a ser comercializado em março do ano passado. O Zedora, produzido pela farmacêutica Libbs, também é indicado para o câncer de mama HER2+ inicial e metastático. Antes dele, o único medicamento disponível para essa modalidade de câncer de mama era o Herceptin, da Roché.
Câncer de mama
De acordo com o Ministério da Saúde, o câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres de todo o mundo, depois do câncer de pele não melanoma. A doença atinge mulheres acima dos 35 anos, com incidência progressiva, especialmente após os 50. Entretanto, estudos mostram que o número de pacientes jovens tem crescido globalmente, o que preocupa especialistas. No Brasil, por exemplo, a atual taxa de incidência em mulheres abaixo dos 35 anos está entre 4% e 5% – há algum tempo, esse índice era de 2%.
Portanto, ampliar o acesso é fundamental para garantir tratamento de qualidade a todas as mulheres que sofrem com a doença.