Anunciada possível cura de paciente com HIV
Grupo alemão diz que ainda é muito cedo para declarar cura definitiva da doença, por se tratar de um caso isolado
Três anos depois de transplante de células-tronco da medula, todos os exames de HIV de Brown deram negativos
O norte-americano Timothy Ray Brown pode entrar para a história como o primeiro homem a ser curado da aids no mundo. Pesquisadores da Universidade de Medicina de Berlim acreditam ter encontrado evidências do desaparecimento do vírus HIV do organismo de Brown depois de um tratamento com células-tronco da medula (capazes de se diferenciar em todo tipo de tecido). Segundo os responsáveis pelo estudo, ainda é cedo para anunciar uma cura definitiva para a doença, uma vez que se trata de um caso exclusivo.
A “cura” exigiu de Brown um longo e doloroso caminho. Ele enfrentou a leucemia, em 2007, e um posterior tratamento severo, que fez com que ele sofresse perdas de memória, mudanças de humor e outros problemas neurológicos.
Para realizar o transplante de medula necessário para que Brown continuasse vivo, os médicos usaram as células-tronco de um doador incapaz de produzir a proteína CCR5, fundamental para que o vírus HIV penetre nas células imunológicas. Então, veio a surpresa dos médicos: três anos depois do fim do tratamento, e sem uso do coquetel antiretroviral, os testes de HIV de Brown deram todos negativos.
“Durante o processo de reconstituição imune, encontramos evidências de substituição das células do hospedeiro por outras, derivadas do doador, indicando que o tamanho do reservatório viral foi reduzido ao longo do tempo”, concluíram os pesquisadores no estudo publicado neste mês na revista Blood. “Nossos resultados sugerem fortemente que a cura do HIV tenha sido alcançada nesse paciente.”
Transplantes de medula são procedimentos médicos muito arriscados e os clínicos preferem não sujeitar os soropositivos a esse tipo de tratamento. Os estudos futuros devem focar no papel da CCR5. A tese atual dos pesquisadores é que seja possível suprimir a produção de células CCR5, quer através de transplantes ou terapia genética.