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Anticoncepcional altera estrutura cerebral das mulheres, diz pesquisa

Descoberta poderia explicar por que algumas mulheres têm menor libido ou estão mais propensas à depressão ao tomar a pílula

Por Redação
Atualizado em 6 dez 2019, 07h31 - Publicado em 5 dez 2019, 10h01
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  • Para muitas mulheres, o uso da pílula anticoncepcional faz parte da rotina. E, por causa disso, muitas dúvidas podem surgir a respeitos dos seus efeitos no corpo feminino, como alterações de humor e queda na libido. Novo estudo apresentado esta semana pode ter encontrado uma explicação: a pílula altera a estrutura do cérebro das mulheres.

    De acordo com a pesquisa, mulheres que utilizam contraceptivos orais têm o hipotálamo menor em comparação com aquelas que não o fazem. Os pesquisadores constataram que essa região do cérebro, responsável por regular apetite, emoções e até mesmo a libido, foi reduzida cerca de 6% nessas mulheres. “Para uma região do cérebro, essa é uma diferença considerável”, comentou Michael Lipton, da Faculdade de Medicina Albert Einstein, nos Estados Unidos, ao Live ScienceA equipe ainda descobriu que um hipotálamo reduzido pode estar associado ao aumento dos níveis de raiva e sintomas depressivos.

    Uma das explicações para esse fenômeno é o fato de que o hipotálamo produz hormônios que regulam o sistema endócrino do corpo e, portanto, ao tomar a pílula, essa parte do cérebro recebe a informação de que não precisa produzir hormônios sexuais. Estudos anteriores mostraram que esses hormônios promovem o crescimento dos neurônios, ou seja, sem eles, essa função pode ficar prejudicada, provocando redução no tamanho do hipotálamo.

    Os resultados são relevantes já que, segundo a Organização da Nações Unidas (ONU), cerca de 150 milhões de mulheres fazem uso de contraceptivos orais em todo o mundo. Apesar disso, os cientistas alertam que não há motivos para preocupações, nem para interromper o uso da pílula, já que essa alteração cerebral não afeta todo o cérebro nem prejudica funções mentais importantes. “Esses resultados não são para alarmar. Eles podem simplesmente apontar para uma questão que merece mais pesquisas”, acrescentou Lipton. 

    Esse é o primeiro estudo a avaliar os efeitos da pílula no hipotálamo. As novas descobertas foram apresentadas na última quarta-feira durante a reunião anual da Sociedade Radiológica da América do Norte. 

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    O estudo

    Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores recrutaram 50 mulheres, das quais 21 tomavam a pílula combinada (composta por estrogênio sintético e progestina). Todas as participantes fizeram exames de ressonância magnética, além de participaram de entrevistas online e testes padronizados para avaliar aspectos de humor, personalidade e funções cognitivas.

    A análise dos dados mostrou a diferença no tamanho do hipotálamo, mas os pesquisadores ainda não sabem explicar exatamente o porquê de isso acontecer. Além disso, a equipe não foi capaz de provar a relação causal, ou seja, que a pílula de fato pode provocar essa diminuição.

    Críticas

    Como o estudo foi pequeno e apresentou apenas resultados preliminares, especialistas da área ressaltaram a importância da cautela na interpretação dessas descobertas. “A pílula anticoncepcional funciona em parte reduzindo a secreção normal de hormônios reprodutivos do hipotálamo, portanto, esse achado não é surpreendente e provavelmente reverteria espontaneamente após a interrupção no uso da pílula”, comentou Ali Abbara, do Imperial College de Londres, na Inglaterra, ao Daily Mail

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    Outros especialistas ainda tentam trazer outras hipóteses para os efeitos causados pela pílula. “Mesmo que a diferença de volume seja real, isso não significa que a pílula contraceptiva danificou o cérebro. Se um medicamento torna uma parte do cérebro menor, isso pode ser devido a uma mudança de fluido naquela região, em vez de qualquer dano às próprias células cerebrais”, acrescentou Derek Hill, da University College London, na Inglaterra, ao Daily Mail

    Por enquanto, tantos os pesquisadores quantos os críticos concordam que é necessário mais pesquisas sobre o assunto e que nenhuma mulher deve parar de tomar a pílula com base apenas nesses resultados.

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