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Álcool na adolescência afeta, sim, o desenvolvimento cerebral

Um novo estudo sugere que abusar do álcool na adolescência pode afetar a memória, a tomada de decisões e o autocontrole. Algumas mudanças são irreversíveis

Por Da redação
Atualizado em 5 dez 2016, 13h17 - Publicado em 5 dez 2016, 13h09
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  • A ingestão de bebida alcoólica na adolescência pode prejudicar o desenvolvimento cerebral. De acordo com um estudo recém-publicado no periódico científico Addiction, adolescentes que bebem em excesso tendem a ter menos massa cinzenta no cérebro, estrutura responsável por funções como memoria, tomada de decisões e autocontrole.

    No estudo, pesquisadores da Universidade da Finlândia Oriental, na Finlândia, acompanharam 62 jovens durante dois anos. Nesse período, eles responderam questionários que incluíam questões sobre o consumo de bebida alcoólica.

    Todos os voluntários haviam participado de um estudo finlandês sobre o bem-estar do jovem e haviam relatado seu consumo alcoólico durante a adolescência – aos 13 e aos 18 anos.

    Os resultados mostraram que 35 deles abusavam do álcool – bebiam pelo menos quatro vezes por semana ou bebiam muito, com menor frequência – na adolescência. Os demais foram considerados bebedores moderados.

    Exames de escaneamento cerebral mostraram que os jovens que abusaram do álcool tinham menores volumes de massa cinzenta, em comparação com aqueles que bebiam moderadamente.

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    “O uso de substâncias está conectado com a exclusão social, problemas de saúde mental e baixa escolaridade. Mudanças na estrutura do cérebro pode ser um dos fatores que contribuem para os problemas sociais e mentais entre os indivíduos que usam substâncias”, disse Noora Heikkinen, líder do estudo.

    De acordo com Samantha Brooks, professora da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, e que não esteve envolvida no estudo, a seção frontal do cérebro, que desempenha um importante papel na tomada de decisões, continua se desenvolvendo até os 20 e poucos anos.

    Essa região foi bastante afetada pela perda de massa cinzenta no cérebro das pessoas que abusavam do álcool. Embora nenhum dos participantes tenha demonstrado sintomas de depressão e as taxas de problemas como ansiedade, desordens de personalidade e uso de drogas fossem similares entre os dois grupos, os bebedores compulsivos tinham mais tendência a fumar.

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    Samantha explica que, durante esse período, os adolescentes estão mais aptos a terem problemas com o abuso de substâncias, já que estão em uma “janela de vulnerabilidade”.

    Felizmente, segundo Noora, parar a ingestão de álcool a tempo pode aumentar o volume de massa cinzenta. “Entretanto, quando o uso for continuado por um longo período, algumas mudanças estruturais se tornam irreversíveis.”, afirmou.

    Apesar dos resultados, como esse foi apenas um estudo observacional, os pesquisadores não podem afirmar se é o excesso de bebida que danifica o desenvolvimento cerebral ou se pessoas com menos massa cinzenta – por fatores genéticos ou outras causas – têm maior probabilidade de abusar do álcool.

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