Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Alaskapox: o que se sabe sobre vírus que matou homem nos EUA

Esse tipo de varíola, relatado pela primeira vez em 2015, costuma infectar mamíferos selvagens de pequeno porte

Por Ligia Moraes Atualizado em 16 fev 2024, 16h43 - Publicado em 16 fev 2024, 16h34

No fim de janeiro deste ano, o Departamento de Saúde do Alasca relatou o primeiro caso na história de uma pessoa que veio a falecer após uma infecção pelo Alaskapox, vírus desvendado recentemente e também conhecido como varíola do Alasca. Houve sete casos notificados da doença desde que ela foi identificada em 2015, mas o último episódio foi o primeiro a resultar em óbito. 

A vítima, um homem idoso, estava imunocomprometido devido a tratamentos contra o câncer – o que provavelmente agravou seu quadro. Em setembro do ano passado, o paciente percebeu uma lesão incomum em sua axila direita. A ele foram prescritos antibióticos no pronto-socorro local, mas, depois de uma piora, o homem foi transferido para um hospital em Anchorage, cidade no Alasca. Após uma melhora inicial, a saúde do homem deteriorou-se, e ele teve falência renal e respiratória.

O paciente testou positivo para Orthopoxvirus, um dos maiores gêneros de vírus que infectam seres humanos. Restava saber qual o agente infeccioso dessa “família” por trás do ataque. Os testes descartaram cowpox (varíola bovina), mpox (varíola dos macacos) e chickenpox (catapora), que são membros do mesmo grupo viral.

Os médicos enviaram uma amostra para os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, onde cientistas confirmaram a presença de um vírus pouco conhecido até entao, o Alaskapox.

O que é o Alaskapox?

Alaskapox é um tipo de Orthopoxvirus encontrado principalmente em pequenos mamíferos. Segundo autoridades estaduais, não foi documentada a transmissão da doença de humano para humano, embora especialistas ainda recomendam cobrir lesões cutâneas causadas pelo patógeno para evitar possíveis contaminações. 

A varíola foi relatada pela primeira vez em um homem na região de Fairbanks, no Alasca. Seis casos adicionais foram registrados desde então, todos em residentes da mesma área – um em 2020, dois em 2021, um em 2022 e dois em 2023 (incluindo o caso mais recente). Todos os pacientes anteriores tiveram sintomas relativamente leves de erupções cutâneas e gânglios linfáticos inchados e se recuperaram sem tratamento. 

Continua após a publicidade

No entanto, o vírus deste último caso é geneticamente diferente dos vírus Alaskapox previamente identificados, o que não surpreende os cientistas – já que os vírus orthopox mudam à medida que circulam. Apesar disso, não há evidências de que essa cepa teria aumentado a virulência ou a transmissibilidade da doença. O idoso vitimado pela infecção estava com o sistema imune comprometido, o que piorou dramaticamente a resposta do organismo. 

Epidemiologistas americanos conduziram testes em pequenos mamíferos na região e encontraram o transmissor desse tipo de varíola em quatro espécies, incluindo ratos, esquilos voadores e outros roedores. O Departamento de Saúde do Alasca, o CDC e a Universidade do Alasca pretendem  capturar e testar pequenos roedores até a região da península de Kenai a fim de determinar onde o vírus está circulando e e está se espalhando. 

+ LEIA TAMBÉM: Um balanço da Covid-19, quatro anos depois

O Alaskapox pode se disseminar?

O homem morto pela infecção vivia sozinho na península de Kenai e relatou ter adotado um gato de rua que o arranhou várias vezes, inclusive perto da axila direita. Mas o gato testou negativo para o vírus Alaskapox. Todavia, especialistas não descartam a possibilidade de que animais domésticos que caçam pequenos mamíferos, apesar de não infectados, retenham o vírus em suas garras, sendo vetores intermediários na transmissão do vírus de roedores para humanos.

O que preocupa os especialistas em saúde pública é o fato de que esse caso ocorreu cerca de 800 quilômetros fora da região onde infecções anteriores foram relatadas, sugerindo que o vírus está se disseminado em populações de mamíferos por grandes extensões. 

Continua após a publicidade

Vale ressaltar que as mudanças climáticas causadas pelo homem estão aumentando rapidamente a incidência e o risco de doenças infecciosas devido a invernos mais amenos e verões mais quentes – o que facilita sua transmissão em novas áreas. Dessa forma, estudiosos supõem que o Alaskapox circula entre os animais há muito tempo, mas só foi detectado recentemente à medida que as pessoas travaram contato com ele. No entanto, pelo menos neste momento, a doença provavelmente não se espalhará amplamente. 

+ LEIA TAMBÉM: A explosão de dengue no Brasil

Os sintomas de Alaskapox

  • Uma ou mais lesões cutâneas
  • Gânglios linfáticos inchados
  • Dor articular ou muscular

Como evitar Alaskapox

As especificidades sobre a transmissão da doença ainda são incertas. Mas, em todo o caso, as autoridades recomendam que, nas regiões de incidência da varíola, as pessoas sigam as diretrizes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). São elas: 

  • Lavar as mãos com água e sabão após entrar em contato com animais selvagens ou suas fezes, ou após passar tempo ao ar livre ou em lugares onde estes animais possam ter estado (como sótãos, cabanas, jardins ou galpões).
  • Manter distância da vida selvagem, não acariciar nem alimentar animais selvagens e não tocar ou pegar animais mortos com as mãos descobertas.
  • Antes de passar tempo ao ar livre, inteirar-e sobre a fauna local, como insetos, aranhas e cobras venenosas, e doenças que estes seres vivos podem  transmitir.
  • Manter os animais de estimação seguros ao redor da natureza aberta, incluindo mantê-los na coleira em áreas não cercadas e não deixá-los interagir com animais selvagens.
Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.