Tomar suplementos de vitamina D não reduz o risco de ataques de asma em crianças ou adultos, de acordo com uma revisão atualizada da Cochrane, rede internacional e sem fins lucrativos com sede no Reino Unido e membro do UK National Council for Voluntary Organizations.
“A deficiência de vitamina D tem sido associada a um risco aumentado de ataques graves de asma e nossa revisão Cochrane anterior, publicada em 2016, descobriu que a vitamina D reduziu o risco de ataques de asma. No entanto, mais estudos foram publicados desde então e quando incluímos os dados extras em nossa revisão atualizada, os resultados gerais mudaram”, disse o pesquisador Adrian Martineau, professor clínico de infecção respiratória e imunidade na Queen Mary University of London, que realizou a revisão sistemática em conjunto com a Universidade de Edimburgo. “Descobrimos que os suplementos de vitamina D não tiveram efeito no risco de ataques de asma ou no controle dos sintomas da asma em comparação com um placebo”, completou.
O professor Martineau e seus colegas analisaram os resultados de 20 ensaios clínicos randomizados – o padrão ouro para pesquisa médica – incluindo dados de 1.155 crianças e 1.070 adultos com asma. Isso se compara a nove estudos envolvendo um total de 1.093 pessoas, cujos dados contribuíram para a revisão anterior. A maioria dos pacientes nos estudos tinha asma leve a moderada.
Ao comparar pacientes designados para tomar um suplemento de vitamina D com pacientes que receberam placebo (medicação simulada), os pesquisadores não encontraram diferença significativa no número de pessoas que tiveram um ataque de asma exigindo tratamento com comprimidos de esteroides.
A revisão também não encontrou nenhum efeito da vitamina D no controle da asma, mesmo quando as pessoas apresentavam deficiência dela ao ingressar nos estudos, com diferentes doses do suplemento ou em pacientes de diferentes idades. “Em contraste com nossa revisão Cochrane anterior, esta revisão atualizada não descobriu que a vitamina D oferece proteção contra ataques de asma ou melhora o controle dos sintomas da asma”, afirmou o pesquisador, acrescentando. “No entanto, os estudos que analisamos não incluíram muitas pessoas com asma grave ou com níveis muito baixos de vitamina D no sangue, portanto, essas são áreas em que ainda são necessárias mais pesquisas”.
Anne Williamson, primeira autora do estudo da Queen Mary University of London, comentou: “Não podemos ter certeza do porquê esta revisão atualizada deu um resultado diferente do nosso estudo original de 2016. Pode ser que as pessoas com asma podem estar recebendo tratamentos melhores do que anteriormente. Ou pode ser que, em geral, as taxas de deficiência de vitamina D tenham diminuído com o tempo, devido ao aumento da ingestão de suplementos ou alimentos fortificados”.
Segundo a especialista, qualquer um desses fatores pode obscurecer os potenciais benefícios da vitamina D. “Independentemente do motivo, porém, essas descobertas mais recentes provavelmente estão corretas para as pessoas que vivem com asma atualmente. Isso também destaca porque é vital atualizar as avaliações quando mais pesquisas são publicadas”, pontua.
Vale ressaltar que a revisão atual representa melhor as crianças. A equipe de pesquisadores também disse que foram aplicados critérios mais rígidos sobre quais estudos seriam incluídos, em comparação com outras revisões. Por exemplo, eles excluíram estudos que não compararam a vitamina D com um placebo e aqueles que não monitoraram as pessoas por pelo menos 12 semanas.
A maioria dos estudos incluídos na revisão envolveu pacientes que tomavam colecalciferol, que é a forma típica de suplemento de vitamina D. Um estudo que usou calcidiol, um composto que o corpo pode produzir a partir da vitamina D, relatou uma melhora no controle da asma em pacientes, mas os revisores dizem que mais são necessárias mais pesquisas para confirmar se esta forma de vitamina D traz reais benefícios para pessoas com asma.