Aos 55 anos, o juiz Roberto de Figueiredo Caldas está no auge da carreira. Em 2016, ele assumiu a presidência da Corte Interamericana de Direitos Humanos — foi o segundo brasileiro a ocupar o cargo, o que lhe conferiu mais visibilidade, poder e algum prestígio internacional. Tudo isso, agora, ameaça ruir.
Na quarta-feira, 9, em Brasília, Roberto Caldas compareceu ao Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Estava lá na condição de investigado, não de juiz. Sobre ele recaem acusações de injúria, agressão, espancamento, ameaça de morte e assédio sexual — denúncias apresentadas por Michella Marys Pereira, companheira do magistrado até fevereiro passado.
Segundo ela, em casa, o advogado brilhante, defensor de direitos elementares, comportava-se como um marido desequilibrado, violento e protagonista de atos de extrema humilhação. Duas babás dos filhos do casal contaram a VEJA ter sido assediadas pelo magistrado. Procurado por VEJA, Caldas preferiu não falar com a reportagem. Seu advogado, o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, negou qualquer tipo de agressão física e resumiu como “tumultos mútuos e agressões verbais” o que o casal protagonizou ao longo de muitos anos.