Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

O recuo de Merkel

Pressionada pela direita a fechar fronteiras, a chanceler teve de ceder e restringir a entrada de imigrantes e refugiados. Só assim pôde salvar seu governo

Por Thais Navarro
Atualizado em 4 jun 2024, 16h37 - Publicado em 6 jul 2018, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Quando centenas de milhares de imigrantes pediam um lugar seguro e melhor para viver, a chanceler alemã Angela Merkel, num gesto elogiável, abriu seu coração e seu país. “Se a Europa falhar na questão dos refugiados, essa não será a Europa que sonhamos”, disse ela em 2015, ano em que uma massa fenomenal de 1 milhão de imigrantes e refugiados chegou ao continente. A generosidade teve um alto custo político. Em 2017, um partido radical de direita, o Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão), tornou-­se a terceira maior força política no Parlamento. Para conseguir a maioria necessária para governar, Merkel foi obrigada a montar uma coa­lizão com outros dois partidos, o Social-Democrata (SPD) e a União Social Cristã (CSU). Ambas as legendas são mais refratárias aos imigrantes e, em troca do apoio a Merkel, ganharam cargos-chave no governo.

    IMIGRANTES-EURO
    (Arte/VEJA)

    Agora, a conta chegou. No domingo 1º de julho, o ministro do Interior, Horst Seehofer, da CSU, insatisfeito com a política de imigração, pediu para deixar o cargo. Merkel, para mantê­-lo e salvar seu governo, teve de recuar e restringir a entrada de imigrantes e refugiados no país. A partir de agora, os solicitantes de asilo que já tenham se registrado em outro país da União Europeia e que cheguem à Alemanha ficarão em abrigos na fronteira. Terão, então, seu pedido examinado e, caso ele seja negado, serão enviados ao país onde se registraram pela primeira vez. A posição inicial de See­hofer era que eles fossem prontamente rejeitados. “Merkel quer levar a coalizão em um sentido mais progressista, a favor dos direitos humanos, e a CSU está incomodada com isso. Se os ataques continuarem, isso poderá ser fatal para ela”, diz a americana Jennifer Jenkins, professora de política alemã na Universidade de Toronto, no Canadá.

    O recuo de Merkel acontece no momento em que a imigração para a Europa deixou de ser um problema tão agudo (veja o quadro). A guerra na Síria se estabilizou e o Estado Islâmico foi derrotado. Acordos para conter o fluxo de gente foram assinados com a Turquia, o Níger e o Sudão. Mas, apesar do alívio, continua o temor de uma avalanche. “Permeia a população o receio de que o que aconteceu em 2015 possa se repetir”, diz o sociólogo alemão Dirk Baier, professor da Universidade de Ciências Aplicadas de Zurique.

    Publicado em VEJA de 11 de julho de 2018, edição nº 2590

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.