A história de como a primeira versão do uniforme da Seleção Brasileira de Futebol foi definitivamente aposentada é conhecida: branca, com detalhes em azul, a camisa não foi nem para o banco, por assim dizer, depois da derrota do Brasil, por 2 a 1, para o Uruguai, em pleno Maracanã, no jogo final da Copa de 1950. Do que pouco se fala é a maneira como o novo visual do time acabou sendo adotado. Disposta a apagar de vez a lembrança daquela traumática partida, a Confederação Brasileira de Desportos — a CBD, mais tarde renomeada como CBF — decidiu repaginar o figurino do selecionado, com vistas ao Mundial da Suíça (1954). Em parceria com o jornal carioca Correio da Manhã, a entidade lançou em 1953 um concurso para a escolha do novo layout da equipe.
Gaúcho de Jaguarão, o caricaturista Aldyr Garcia Schlee, então com 19 anos, enviou para o diário um desenho em tinta guache de um jogador vestindo uma camisa amarela, com gola e mangas pintadas de verde-bandeira, calção azul com listras brancas nas laterais e meião branco com faixas em verde e amarelo. Schlee concorreu com 300 propostas — e soube que havia vencido ao ver seu croqui publicado no Correio de 15 de dezembro de 1953. “Fiquei louco”, contava ele. Professor de direito e premiado jornalista, estreou na ficção na década de 80. Publicou uma dúzia de bons livros, mas sua notoriedade esteve sempre associada ao uniforme que criou — e que deu à seleção o apelido de “Canarinho’’. Ele morreu na sexta-feira 16, aos 83 anos, de um câncer de pele que se espalhou para o fígado e os pulmões, em Pelotas.
Romancista de Hollywood
O americano William Goldman costumava definir-se como “um romancista que escreve roteiros”. Nascido em Illinois e graduado em artes, desde jovem ambicionava tornar-se ficcionista — de livros. Tentou, com obras como The Temple of Gold (1957). Mas não conseguia se sustentar com as vendas e, por isso, mantinha um trabalho de escrivão no Pentágono. Os ventos mudaram quando migrou sua escrita para o cinema. Com Butch Cassidy (1969) ganhou o Oscar de roteiro. Sete anos mais tarde, faturou outro, por Todos os Homens do Presidente. Ao todo, foi creditado em 34 produções. Morreu na sexta-feira 16, aos 87 anos, de pneumonia, em Nova York.
O grande colecionador
Economista de formação, o carioca João Sattamini fez fortuna exportando café. Ficou conhecido, porém, por possuir o segundo maior acervo particular de obras de arte do país, atrás apenas do da família Chateaubriand. Ele deu início à coleção na década de 60, quando morava em Milão. Coletou 1 200 peças, incluindo exemplares de nomes como Lygia Clark e Alfredo Volpi. Estão todas no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, inaugurado em 1996 para abrigá-las. Sattamini morreu na terça-feira 20, aos 83 anos, de parada cardíaca, no Rio.
Publicado em VEJA de 28 de novembro de 2018, edição nº 2610