Memória: Gerry Marsden, Tanya Roberts e Albert Roux
As personalidades que nos deixaram nessa semana
O que havia antes dos Beatles, se é que houve algo antes do quarteto? A banda Gerry and the Pacemakers, também nascida em Liverpool e cujos passos iniciais foram conduzidos pelo empresário Brian Epstein, o mesmo que levou John, Paul, George e Ringo ao sucesso. Gerry Marsden, o vocalista e líder do grupo, sorriso cheio de dentes, sempre agitado, guiou o Pacemakers ao topo das paradas em 1963 com seus três primeiros singles, How Do You Do It?, I Like It e You’ll Never Walk Alone — a fama imediata foi até mais veloz que a dos Beatles, que só chegaram aos pícaros com seu terceiro trabalho, From Me to You. A turma de Gerry and the Pacemakers teve vida breve, desfeita em 1966. Em 2003, Marsden foi nomeado Membro da Ordem do Império Britânico pelo auxílio às vítimas da tragédia no Estádio de Hillsborough, em 1989, que provocou a morte de 96 torcedores do Liverpool por asfixia, esmagados contra o alambrado. You’ll Never Walk Alone, aliás, virou canto da torcida do Liverpool, entoado antes de cada jogo em casa. Marsden morreu em 3 de janeiro, aos 78 anos, em Liverpool, de problemas cardíacos.
De pantera a bond girl
Nascida Victoria Leigh Blum, a atriz americana Tanya Roberts foi um dos rostos mais conhecidos da televisão e do cinema dos coloridos e exagerados anos 1980 — foi também uma das vozes de mais destaque, de tom um tantinho rouco e ofegante. Na quinta temporada da série As Panteras ela viveu a detetive Julie. Em 007 — Na Mira dos Assassinos, de 1985, último filme de Roger Moore no papel do agente de Sua Majestade, ela foi a bond girl da vez, atalho para virar símbolo sexual e parar na capa da revista Playboy. Voltaria aos holofotes com a sitcom That ’70s Show, na pela de uma jovem e glamorosa mãe de um adolescente do Meio Oeste americano. Tanya morreu aos 65 anos, em 4 de janeiro, de causas não reveladas.
O chef que invadiu a Inglaterra
Era lendário o modo insosso como a maioria dos restaurantes do Reino Unido preparava os pratos oferecidos à clientela — tudo sem graça. Até que, em 1967, o chef francês Albert Roux convocou seu irmão mais novo, Michel, para juntos cruzarem o Canal da Mancha. Ao abrir as portas do Le Gavroche, na Lower Sloane Street, no centro de Londres, eles deflagraram uma revolução. Saiu de cena o amadorismo e entraram os profissionais, com técnicas e sabores inusitados. O Le Gavroche foi o primeiro endereço britânico a obter três estrelas no Guia Michelin, a honraria máxima da gastronomia internacional. E hoje se come muito bem pelas bandas de lá. Albert morreu em 4 de janeiro, aos 85 anos, em Londres, de causas não reveladas pela família. Ele perdera o irmão em março do ano passado.
Publicado em VEJA de 13 de janeiro de 2021, edição nº 2720