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Carta ao Leitor: A chaga ignorada

As reportagens sobre obesidade e subnutrição no Brasil, publicadas nesta edição de VEJA, mostram que o país tem pela frente um desafio fenomenal

Por Da Redação Atualizado em 20 jul 2018, 06h00 - Publicado em 20 jul 2018, 06h00
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  • Nesta edição de VEJA, o leitor encontrará um material especial sobre alimentação no Brasil. As reportagens traçam um panorama da nutrição no país durante os últimos cinquenta anos e mostram, entre as notícias mais preocupantes, o crescimento da obesidade. Desde 2013, mais de 50% dos brasileiros se encontram acima do peso, e, para piorar, os especialistas estão alarmados com o avanço do problema na população infantil. Mas há um aspecto que agrava esse quadro, e sua descrição aparece em outra reportagem publicada na revista.

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    Ali, o leitor terá informações sobre o aumento da taxa de mortalidade infantil no Brasil, um indicador que vinha caindo nos últimos 26 anos, sem falhar um único ano. Agora, com a severidade da crise e o corte nos gastos sociais, ela voltou a subir. Hoje, de cada 1 000 crianças nascidas vivas, catorze morrem antes de completar 1 ano. É  um número que pode recolocar o Brasil no mapa da fome da ONU, do qual havíamos saído, orgulhosamente, em 2014.

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    Uma das principais causas da elevação da mortalidade infantil está na desnutrição, decorrência direta do descalabro econômico que o país vive. Uma parte das crianças brasileiras come menos do que deveria para ter uma vida minimamente saudável. Subnutridas, elas ficam mais sujeitas a morrer de doenças que jamais abateriam uma criança saudável, como a diarreia.

    Juntando-se as duas reportagens — a da obesidade e a da subnutrição —, fica evidente que o Brasil tem pela frente um desafio fenomenal, o de ser um país que convive a um só tempo com a fome e seu oposto. Ou, melhor, um país que convive com a alimentação escassa e o excesso de má alimentação. E isso ocorre no país das safras excepcionais, vocacionado para ser o celeiro do mundo.

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    Como chegamos a esse ponto? Como o Brasil voltou a desnutrir suas crianças e desleixou-se tanto na qualidade da alimentação das que podem comer, tudo isso dentro de um território que produz alimento — de boa qualidade, aliás — para parte relevante do planeta?

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    A resposta tem múltiplas facetas e inúmeras razões. Há, porém, um dado capaz de resumir tudo: a desigualdade indecente da sociedade brasileira — a desigualdade de renda, a desigualdade de oportunidades. Só ela explica a coexistência de extremos tão agudos, tão violentos.

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    Mas talvez o dado mais desanimador nem seja o grau dramático da desigualdade brasileira, que se mantém em níveis historicamente inaceitáveis, e sim a incapacidade nacional — de políticos e autoridades de direita, de centro, de esquerda — de atacar o problema de frente. Está entre nossas maiores chagas e, no entanto, segue ignorada.

    Publicado em VEJA de 25 de julho de 2018, edição nº 2592

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