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Adeus à mediocridade

No caminho da escola moderna, renascem boas ideias do século XIX

Por Claudio de Moura Castro
Atualizado em 6 jul 2017, 19h27 - Publicado em 6 jul 2017, 13h51

ERA O COMPUTADOR, depois o tablet, agora a moda é a “aula ativa”. Será que presta? Ouçamos seus profetas.

É preciso “abandonar os métodos formais e verbais do passado que enfatizam a absorção passiva de conhecimentos aprisionados em livros”. De fato, “os currículos se tornaram congestionados, com cada vez mais materiais factuais”.

A nova ideia é “aprender através de atividades (…) os jogos fazem parte da educação”. “As escolas não usam suficientemente o tato, a visão e o sentido muscular (…) as aulas consistem em ouvir e memorizar, um processo aborrecido e que prejudica o aprendizado.”

“A escola deve ser viva, desafiadora, em vez de aborrecida, como uma prisão monótona.” E, também, “os alunos devem crescer naturalmente, aprendendo pelo fazer, e não encabrestados às carteiras”. Isso porque, “quando uma criança está usando uma serra ou uma plaina, não é necessário inventar maneiras artificiais de manter a sua atenção”.

“As crianças devem ser livres para investigar, perguntar e experimentar.” Igualmente, “a curiosidade deve ser despertada por problemas que tentarão resolver por conta própria”. Nesse processo, “o papel do professor é selecionar experiências significativas para os alunos, escolhendo problemas que despertem a sua curiosidade, estimulando-os a investigar e desafiando-os a olhar para o mundo à sua volta”. Aula ativa é pôr em prática isso tudo. É do que precisa hoje a nossa educação. Só há um detalhe. As citações são de Pestalozzi, Froebel, John Dewey e outros. Ou seja, são todas do século XIX!

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O lado bom é que temos ideias sólidas para nos orientar; afinal, sobreviveram mais de um século. O lado ruim é que não foram adotadas nesse ínterim. De fato, a escola caminhou em direção oposta. Culpa de quem, diante de ideias tão poderosas?

Na tentativa de atender um número cada vez mais avassalador de alunos, a escola encolheu nas suas ambições e foi engolida pela mediocridade das rotinas mortas e burras. Sumiu a aula ativa de Dewey. Atolamos na mesma aula passiva, tão claramente denunciada. Anísio Teixeira bem que tentou, mas encontrou ouvidos moucos.

Ainda bem que há uma leve brisa trazendo de volta essas ideias, por tanto tempo hibernadas. Mas não passa de um sopro, ainda frágil.

Seja como for, são ideias persuasivas, aposto nelas. Apenas fazendo o que mandam as citações acima, já provocaremos uma revolução na sala de aula. Na versão de hoje, é a aula invertida, PBL, peer learning, pré-aula, método da descoberta e outras fórmulas. As novas tecnologias entram na equação. São bem participativas, mas sem a força de mobilizar todos os sentidos.

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Contudo, temos um desafio adicional. Não basta criar um par de escolas experimentais e fazer funcionar tudo que sonhamos. O difícil é fazer isso para 50 milhões de alunos.

É possível, sim. Mas é preciso concentrar as atenções nessa hercúlea tarefa e não perder tempo esgrimindo contra os espíritos de porco de plantão. 

Publicado em VEJA de 5 de julho de 2017, edição nº 2537

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