A declaração da Associação Internacional de Exorcistas (AIE) foi em resposta ao depoimento dado recentemente pelo padre Arturo Sosa Abascal, superior da Companhia de Jesus, à revista italiana Tempi, relativizando a existência do demônio. “É necessário entender os elementos culturais para se referir a esse personagem. Na linguagem de Santo Inácio, é o espírito maligno que leva você a fazer as coisas que vão contra o espírito de Deus. Existe como mal personificado em várias estruturas, mas não nas pessoas, porque não é uma pessoa, é uma forma de executar o mal”, disse o sacerdote.
Em comunicado oficial, a AIE, que reúne cerca de 350 exorcistas de trinta países, alertou para o fato de que as declarações do padre Abascal são “graves” e “desorientadas”, porque “a existência real do diabo, como sujeito pessoal que pensa e age e que fez a escolha de se rebelar contra Deus, é uma verdade de fé que sempre fez parte da doutrina cristã”.
A tradição litúrgica admite a existência do diabo e a ele se deve renunciar. Até a década de 60, aparecia facilmente nos sermões dos papas e bispos. Ele era citado sempre que os hierarcas da Igreja queriam assustar os fiéis ou, durante a Inquisição, justificar torturas e execuções de hereges. A partir das modernizações trazidas pelo Concílio Vaticano II, na década de 60, ele perdeu relevância.
Mas o tema voltou a ter destaque no pontificado de Francisco. O papa faz constante referências ao diabo em suas homilias. A primeira citação, lembre-se, foi um dia depois de sua eleição, aos cardeais que participaram do conclave, na Capela Sistina: “Quando não se confessa Jesus Cristo, confessa-se o mundanismo do diabo, o mundanismo do demônio”.