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Wassef se diz vítima de ‘bandidos’ infiltrados no MP do Rio

Em entrevista a VEJA, advogado diz que não pagou despesas pessoais de Queiroz e acusa promotores de quebrarem seu sigilo bancário e fiscal de forma ilegal

Por Daniel Pereira Atualizado em 25 ago 2020, 18h42 - Publicado em 25 ago 2020, 18h19

Dono do imóvel em Atibaia em que foi preso Fabrício Queiroz, o advogado Frederick Wassef diz que jamais pagou despesa do policial militar aposentado, considerado o operador do esquema da rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, hoje senador. A declaração foi dada a VEJA em resposta à divulgação, pelo jornal O Globo, da informação de que, segundo relatório do Coaf, Wassef pagou pouco mais de 10 000 reais ao urologista que atendeu Queiroz no Hospital Albert Einstein. Segundo o advogado, o pagamento ocorreu porque ele mesmo, Wassef, foi atendido pelo médico no ano passado. Confira a entrevista:

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Relatório do Coaf divulgado nesta terça-feira (25) pelo jornal O Globo identificou um pagamento do senhor, no valor de pouco mais de 10 000 reais, para o urologista Wladimir Alfer, primeiro médico a atender Fabrício Queiroz no Hospital Albert Einstein. O senhor pagou essa ou qualquer outra despesa de Queiroz? Nunca paguei um único real nem a Fabrício Queiroz nem a ninguém da sua família. Zero. Isso nunca ocorreu. Agora, quanto ao pagamento ao médico Wladimir alfer, sim, eu paguei. Eu estive internado no Hospital Albert Einstein ano passado, submetido a uma anestesia geral, e foi feita uma biópsia na minha bexiga, para se constatar se eu estava com um novo câncer ou não. E o médico que procedeu a esse procedimento sério, invasivo, foi o doutor Wladimir Alfer, em função de ser o mais respeitado urologista do Brasil. Essa é a origem do pagamento. Isso foi em setembro de 2019, e nada tem que ver com Queiroz.

O senhor sabia da existência de um relatório do Coaf sobre suas movimentações financeiras? Eu sou vítima do crime de quebra de sigilo bancário e fiscal ilegal, que foi feito a mando de membros do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, mais especificamente do Gaeco (grupo de combate ao crime organizado), que desde o dia 1º estão querendo me investigar de forma dissimulada e por vias transversas, porque, como sempre fui advogado no exercício regular da advocacia, não poderiam me investigar. Eu tive a informação de que eles, de forma ardilosa, nefasta e (digna) de país de sexto mundo, eles, bandidos, solicitaram em off a seus pares, colegas e amigos do Coaf para que invadissem as minhas contas bancárias. Repito, bandidos infiltrados dentro do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, com carteira funcional de promotor, estão envolvidos na prática de crimes.  E para não demonstrar que eu estava sendo investigado pelo Gaeco, para fazer parecer uma situação regular e legal, fizeram essa fraude, em que o Coaf comunica o seguinte: ‘de forma espontânea, o Coaf envia um ofício para o Ministério Público do Rio de Janeiro com as contas de Frederick Wassef’. No caso, as contas do escritório, da pessoa jurídica, da minha empresa. Isso foi feito de forma criminosa. Jamais existiu qualquer movimentação atípica nas contas do meu escritório. Não teria como o Coaf ter detectado qualquer coisa. Usaram o Coaf. Para dissimular que não era uma coisa do Rio, mandaram também para algumas autoridades de Brasília. Pergunto: por que não mandaram as informações para São Paulo, que é minha base, onde fica o meu escritório? Porque se trata de uma grande armação.

O senhor tem certeza disso? Foi jeitinho brasileiro. Agentes do Ministério Público do Rio solicitaram a seus pares e colegas do Coaf para agir com poder de polícia investigava, quebraram meu sigilo bancário e agora, de forma criminosa, vão começar a vazar a conta gotas, criando teses e versões para tentar me vincular ao senhor Queiroz, fabricar provas para dizer que eu de alguma forma patrocinei o Queiroz. Vão se decepcionar. Vão cair do cavalo. Tenho todos os meus extratos abertos. Nunca gastei um real com Queiroz nem com família de Queiroz. Aliás, um dos motivos pelos quais eu permiti o uso da minha propriedade foi que eu jamais, jamais, iria gastar um real sequer para alugar casa e ajudar quem quer que fosse. Eu fiz um favor ao Ministério Público do Rio e ao Judiciário, porque o Queiroz só está vivo graças à minha atuação. Se não ele teria sido assassinado tal qual o seu amigo Adriano (Magalhães da Nóbrega, ex-capitão do Bope). Sou vítima de um ato leviano, de bandidos, perigosíssimos, de uma ameaça à democracia brasileira e uma ameaça a todos os advogados e a todos os escritórios de advocacia. Eles sabem exatamente a data do pagamento, mas para enganar o Brasil, para sugerir que eu paguei a cirurgia do Queiroz, eles omitiram propositalmente que a data do depósito foi ano passado.

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O senhor pretende denunciar essa suposta armação? Vou denunciar à corregedoria do Ministério Público, ao Conselho Nacional do Ministério Público, à Polícia Federal. Vou exigir uma ampla investigação. Hoje, temos a máquina do Estado do Rio de Janeiro sendo usada numa campanha contra a família presidencial, contra o presidente Jair Bolsonaro, contra (o senador) Flávio Bolsonaro. E não felizes com o que fizeram agora avançam, com o mesmo modus operandi, com as mesmas práticas criminosas, com a quebra de sigilo bancário e fiscal sem autorização judicial, contra a pessoa do advogado. É a figura do advogado que passa a ser atacada no pleno exercício da advocacia.

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Qual a pessoa física que está capitaneando a máquina pública contra a família do presidente e o senhor? Em breve isso vai ser revelado. Trata-se de uma operação política, de cooptação de agentes públicos dentro do Ministério Público do Rio e do Coaf.

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