Um dos principais articuladores da pré-candidatura presidencial do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), o vice-governador Márcio França atua nos bastidores para assumir a presidência nacional do PSB. Hoje secretário de finanças e comandante da legenda em São Paulo, ele planeja assumir o cargo para acertar nacionalmente o apoio do partido ao projeto do aliado tucano.
Em 2014, o PSB ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais, com a candidatura de Eduardo Campos e, após o falecimento deste, de Marina Silva ao Planalto. Alckmin disputa internamente no PSDB a vaga de candidato para 2018 com os senadores Aécio Neves (MG) e José Serra (SP), mas recebeu sinais de que o PSB estaria disposto a lançá-lo na disputa caso ele não se viabilize pelo atual partido. Se conseguir a vaga no PSDB, o governador paulista teria o apoio da legenda.
Embora negue a intenção de deixar o PSDB, Alckmin pressiona a executiva tucana a antecipar a escolha do candidato do partido – ou pelo menos regulamentar o processo de prévias – até outubro. Já França deve se reunir nesta semana com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), e com o atual presidente da legenda, Carlos Siqueira, para tratar do assunto.
Dobradinha
Para aliados de França e tucanos com trânsito no Palácio dos Bandeirantes, existe o sonho de ter uma chapa encabeçada por Alckmin com o governador pernambucano como vice. Além de unir PSB e PSDB, essa composição estabeleceria uma base consistente no Nordeste, onde reside o eleitorado mais forte de dois pré-candidatos da oposição: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT).
Mesmo após a morte do ex-governador Eduardo Campos, Pernambuco continuou sendo, ao lado de São Paulo, o principal polo de poder do PSB, que tem sete senadores, três governadores, 33 deputados federais e o ministro da Integração Nacional, Fernando Coelho Filho.
Renovação
O presidente do PSB disse que não pretende tratar publicamente do assunto até julho, quando a legenda começará seu processo interno de renovação de quadros. Pelo estatuto do partido, a escolha dos dirigentes começa com a eleição de delegados municipais. Em seguida, entre agosto e setembro, eles elegem os delegados estaduais, que, por sua vez, escolhem os nacionais.
Câmara resiste à escolha de França para presidir o partido. A princípio, ele tende a apoiar a reeleição de Siqueira, que é pernambucano e era um dos mais próximos de Eduardo Campos.
Aliados de Alckmin avaliam, porém, que a boa a relação entre o tucano, Câmara e a família de Campos pode abrir caminho para um acordo. Em dezembro, o governador paulista assinou no Palácio dos Bandeirantes um termo de empréstimo de bombas para combater a seca nos estados da Paraíba e Pernambuco.
Antes disso, em outubro, ele viajou a Pernambuco para o lançamento de testes de vacina de combate à dengue e aproveitou para se reunir reservadamente com Paulo Câmara.
“Ideológicos”
A “opção Alckmin” esbarra, entretanto, na resistência dos setores mais “ideológicos” do PSB. Esses grupos, que foram contra o impeachment de Dilma Rousseff, estão concentrados justamente em diretórios nordestinos, especialmente na Paraíba.
Esse setor pressiona, por exemplo, para que o PSB se coloque contra a reforma da Previdência proposta pelo presidente Michel Temer. Por outro lado, a condução de França ao comando partidário contaria, segundo a avaliação de dirigentes pessebistas, com o apoio da maioria da bancada na Câmara, além da simpatia do senador pernambucano Fernando Bezerra Coelho.
(Com Estadão Conteúdo)