Tudo ou nada e vaga de deputado: as opções de Moro
Às vésperas do fim da janela partidária, ex-juíz faz cálculos políticos para tentar unificar candidatura da terceira via
![DESAFIO - Moro: o ex-juiz vai tentar atrair o voto dos que rejeitam Lula e Bolsonaro -](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/01/CM_8688-copiar.jpg.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
“É um passo atrás para dar dez para a frente”. Foi assim, em tom de otimismo exagerado, que dirigentes do União Brasil explicaram a decisão do ex-juiz Sergio Moro de implodir pontes com o Podemos, partido que o abrigou em novembro passado, e migrar para a sigla com o maior fundo eleitoral nesta disputa – cerca de 800 milhões de reais. O pacote de despedida de Moro, porém, reúne mágoas com dirigentes, sabotagens internas e desgastes homéricos, como a aliança com o MBL e o episódio sexista envolvendo o deputado estadual Arthur do Val, que em viagem à Ucrânia disse que as refugiadas do país eram “fáceis” porque eram “pobres”.
Às vésperas do fim da janela partidária, a decisão de Moro pela troca de siglas também inclui uma espécie de sentimento de tudo ou nada. Parlamentares do União disseram a VEJA que a premissa para a filiação do ex-magistrado da Lava-Jato é que todos os pré-candidatos deixem de lado suas pretensões pessoais ao Palácio do Planalto e passem a trabalhar por uma única candidatura.
O prazo pré-estabelecido entre Moro e dirigentes do União é tentar convergir para um nome de consenso, no espectro de centro, até julho, mês das convenções partidárias, quando pesquisas eleitorais e critérios como apoios de partidos e recursos próprios para a campanha serão utilizados para depurar quem deve ser o representante da terceira via.
É por isso que, ao deixar o Podemos, Moro não recebeu garantias de que ele será o candidato à Presidência no União. No novo partido ele deverá enfrentar novas pressões para mais um vez alterar seus planos políticos.
Uma parcela de seus futuros correligionários disse a VEJA que a ideia de setores da legenda refratárias a Moro é convencê-lo a não concorrer ao Planalto, e sim atuar como um dos maiores puxadores de votos do país, lançando-se a deputado federal.