Preso 15 dias após ser nomeado subsecretário de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do governador Wilson Witzel (PSC), Sérgio Barcelos é um camaleão político típico do Rio de Janeiro. Apontado pelo Ministério Público como intermediário das propinas que teriam sido recebidas pelo casal de ex-governadores fluminenses Anthony e Rosinha Garotinho, também presos nesta terça-feira 3, Barcelos também manteve relações com o senador Romário (Podemos-RJ) e fez campanha para o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM) nas últimas eleições para o governo do estado.
A ligação de Barcelos com os Garotinho é antiga, e remete ao começo dos anos 2000, quando o casal comandou o Rio de Janeiro – Anthony foi eleito em 1998, Rosinha o sucedeu quatro anos depois. Nessa época, Barcelos, natural da mesma Campos dos Goytacazes que os ex-governadores, agia com desenvoltura nas articulações para as candidaturas.
Com o rompimento entre os Garotinho e o sucessor deles, o ex-governador Sérgio Cabral, Barcelos passou a transitar com mais discrição. Filiou-se ao PSB, e chegou ao posto de 1º Secretário do partido no Rio de Janeiro. Ali, aliou-se ao senador Romário, hoje no Podemos, para viabilizar sua candidatura a prefeito da capital fluminense em 2016. Foi nomeado para um cargo no Senado, mas exonerado antes mesmo de tomar posse.
Em 2018, Barcelos fez campanha para o deputado estadual do PSL Gil Vianna, cuja base eleitoral também é Campos dos Goytacazes. E ao contrário do alinhamento automático da legenda a candidatura de Wilson Witzel, o agora presidiário fez campanha Eduardo Paes, derrotado pelo atual governador. E, sem medo da incoerência, tratou de tentar surfar na onda bolsonarista, ao postar imagem com o senador Flávio Bolsonaro (PSL) nas suas redes sociais.
Na Assembleia Legislativa do Rio, trabalhou na liderança do PSL, maior partido da Casa e que é, pelo menos em tese, alinhado ao governo Witzel. De lá, pulou mais um degrau e chegou ao segundo escalão da administração estadual, indicado pela atual secretária de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos Cristina Quaresma, que assumiu o cargo no dia 6 de agosto deste ano. Segundo Witzel, a exoneração de Sergio Barcelos será publicada no Diário Oficial de amanhã.