Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Serviço de sócio de Lulinha à prefeitura do Rio foi ‘projeto político’

E-mails de funcionários da Oi apreendidos na Lava Jato indicam ainda que gestão Eduardo Paes cobrou da operadora liberação de recursos a empresa de Suassuna

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 jan 2020, 22h36 - Publicado em 31 jan 2020, 22h05
  • Seguir materia Seguindo materia
  • E-mails apreendidos pela Operação Lava Jato mostram que, dentro da Oi, a subcontratação da empresa de um dos sócios de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, para prestar serviços à Prefeitura do Rio de Janeiro em 2012 era vista como “projetos políticos com o governo” e não deveria ser tratada como uma “prestação de serviços tradicional”. Lulinha é o filho primogênito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    Publicidade

    As correspondências eletrônicas entre funcionários da empresa telefônica indicam ainda que, depois de ter recebido pagamentos da prefeitura no âmbito de um contrato público, a Oi foi cobrada pela gestão do então prefeito, Eduardo Paes, a acelerar repasses de recursos à Gol Mobile, controlada por Jonas Suassuna, sócio de Lulinha. As mensagens mostram também que a firma de Suassuna sequer havia sido formalmente subcontratada pela Oi para executar serviços em dois contratos firmados entre a prefeitura e a operadora.

    Publicidade

    Os e-mails foram apreendidos pela Polícia Federal na 69ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Mapa da Mina, que mirou os negócios entre a Oi e empresas ligadas a Lulinha. Entre as suspeitas dos investigadores está a de que o dinheiro usado na compra do sítio Santa Bárbara, em Atibaia, veio destas empresas, que receberam 132,2 milhões de reais da telefônica entre 2004 e 2016.

    Suassuna pagou 1 milhão de reais por uma parte da propriedade; o empresário Fernando Bittar comprou outra parte por 500.000 reais. Bittar é irmão de Kalil Bittar, sócio de Lulinha no grupo Gamecorp, que também tinha negócios milionários com a Oi.

    Publicidade

    As reformas feitas entre 2010 e 2014 pelas empreiteiras Odebrecht e OAS no sítio, ao custo de 1 milhão de reais, levaram Lula a uma condenação de 17 anos de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), segunda instância da Lava Jato. O petista foi considerado culpado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

    Lula, o filho Lulinha e os sócios Kalil e Fernando Bittar e Jonas Suassuna (à direita ao fundo) (./Divulgação)

    Em um e-mail datado de 20 de dezembro de 2011, o funcionário da Oi Francisco Santanna escreveu a Eurico Teles, então diretor jurídico da empresa, que passou a ser CEO da empresa e renunciou ao cargo nesta sexta-feira, 31, que estava tentando destravar pagamentos à Gol Mobile, barrados por ordem do departamento jurídico da operadora.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Quinze dias depois, Santanna escreveu a Pedro Ripper, ex-executivo da Oi, que a prefeitura do Rio de Janeiro pressionava a telefônica para que pagasse logo a Gol Mobile. “Oi Pedro, desculpe te incomodar de novo com o mesmo assunto, mas o parceiro [Gol Mobile] segue esperando e até clientes (no caso da Prefeitura do Rio) estão nos cobrando para que a gente pague ao parceiro, por mais absurdo que isso pareça”, relatou Santanna.

    (Reprodução/Polícia Federal/Reprodução)

    “O fato é considerado ‘absurdo’ pois em uma prestação de serviços tradicional o cliente não se preocuparia com os pagamentos de um fornecedor às suas empresas subcontratadas. A cobrança realizada pela Prefeitura do Rio de Janeiro para OI efetuar os pagamentos a GOL MOBILE apenas reforça a tese já apontada nas investigações que houve um direcionamento político para a subcontratação desta empresa”, afirma o relatório da PF, assinado pelo agente André Rodrigues Costa, sobre o material apreendido.

    Publicidade

    Entre os documentos que embasaram a deflagração da Operação Mapa da Mina, o Ministério Público Federal (MPF) apresentou outros e-mails de servidores da prefeitura que já apontavam que o então secretário da Casa Civil da prefeitura carioca, o deputado federal Pedro Paulo (DEM-RJ), havia direcionado a subcontratação da empresa de Suassuna pela Oi (veja abaixo). A telefônica havia vencido um pregão para implantação e operação da central de atendimento ao cidadão da prefeitura, o Projeto 1746.

    Segundo as investigações da Lava Jato, a Gol Mobile recebeu 10,9 milhões de reais a partir deste contrato, entre novembro de 2011 e janeiro de 2014.

    Publicidade
    (Reprodução/Ministério Público Federal/Reprodução)

    Em busca da liberação dos pagamentos à Gol Mobile, Francisco Santanna enviou outro e-mail, desta vez à área de suprimentos da Oi, indicando três projetos em que a empresa de Jonas Suassuna tinha valores a receber: dois com a prefeitura carioca e um com a Secretaria de Administração da Bahia (SAEB). Ao se deparar com a demanda de Santanna, o setor constatou que não havia contrato de subcontratação para dois projetos vinculados à prefeitura do Rio.

    Questionado sobre a falta dos contratos, Santanna confirmou que eles não existiam e escreveu: “foram projetos políticos com o governo, fechados verbalmente com a diretoria antiga da Oi”. Na mesma mensagem, ele afirmou que “o parceiro [Gol Mobile] fez a venda ao cliente final [Prefeitura do Rio] e a Oi foi o canal de faturamento, não é uma prestação de serviços tradicional”.

    (Reprodução/Polícia Federal/Reprodução)

    Para a Polícia Federal, com as mensagens “confirma-se, portanto, que os contratos com a Prefeitura do Rio de Janeiro foram fechados diretamente com a GOL MOBILE e a OI foi usada apenas como um ‘canal de faturamento’, em uma clara afronta ao que é determinado pela lei de licitação”.

    Outras mensagens mostram que, no final daquele janeiro de 2012, a Oi decidiu elaborar um contrato posterior à prestação dos serviços com a Gol Mobile para destravar os pagamentos. Em um e-mail em 2 fevereiro, o então diretor jurídico Eurico Teles cobrou a liberação do dinheiro: “Libere esse assunto já que confirmado ao valores!”, escreveu o executivo.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.