O senador Angelo Coronel (PSD-BA) passou a receber ameaças de morte depois que assumiu a presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito das Fake News, que apura, entre outras coisas, o uso de notícias e perfis falsos para influenciar o resultado das últimas eleições. A CPI começou a funcionar no dia 4 de setembro e já teve duas reuniões.
Ele conta que começou a receber, em seu e-mail funcional, mensagens anônimas que diziam que ele não sabia com quem estava “mexendo” e que prometiam “encher sua boca de chumbo”. O senador comunicou as ocorrências à Polícia Legislativa, que investiga o caso. O Senado disponibilizou seguranças para acompanhá-lo.
“Nada disso vai me ameaçar, só me estimula. É muito preocupante que ainda existam pessoas que precisam se esconder porque não têm coragem de exercer a crítica de forma aberta, franca e democrática. Vamos trabalhar para coibir isso”, afirmou o senador a VEJA.
A comissão foi criada com o objetivo de investigar a disseminação de notícias falsas nas eleições presidenciais do ano passado. A proposta foi gerida pelo Centrão e contou com a articulação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dois dos principais alvos de ataques virtuais de redes bolsonaristas. A proliferação de notícias falsas também é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal, que apura ameaças contra ministros da corte.
A CPI é mista e reúne 15 senadores e 15 deputados titulares e igual número de suplentes. A comissão terá 180 dias para investigar a criação de perfis falsos para influenciar as eleições do ano passado e os ataques cibernéticos contra a democracia e o debate público. Também será alvo da mesma CPI a prática de ciberbullying contra autoridades e cidadãos vulneráveis e o aliciamento de crianças para o cometimento de crimes de ódio e suicídio.