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Senado terá número recorde de candidatos à reeleição

70% dos senadores atingidos pela Lava Jato tentarão a reeleição em outubro

Por Estadão Conteúdo 18 jun 2018, 12h52

A eleição para o Senado neste ano deve ter um número recorde de candidatos em busca da reeleição. Dos 54 parlamentares eleitos em 2010, ao menos 35 deles (ou 65%) devem tentar renovar seus mandatos por mais oito anos. Sete senadores não se decidiram sobre que cargo disputar, cinco vão concorrer a governos estaduais, outros cinco resolveram não se candidatar a nada e dois planejam trocar o Senado pela Câmara dos Deputados.

Na comparação com eleições anteriores, em que dois terços das vagas do Senado também foram trocadas, o pleito de outubro terá o maior número de senadores tentando se reeleger dos últimos 24 anos. Dados do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) mostram que em 2010 a taxa de recandidaturas foi de 53,7% (29 parlamentares), em 2002 chegou a 61% (33) e, em 1994, ficou em 37% (20). Nesses anos foram eleitos dois senadores por Estado.

O resultado do levantamento confirma um retrato já observado em relação à Câmara. Ao menos 447 deputados (90%) vão tentar a reeleição, também número recorde. Isso quer dizer que, em tempos de Operação Lava Jato, fim das doações empresariais e redução do tempo de campanha, a renovação do Congresso pode ser menor.

A Lava Jato, especificamente, atingiu 24 senadores eleitos em 2010. Desse grupo, 70% ou 17 parlamentares vão buscar mais um mandato em outubro. Seriam os casos dos campeões de inquéritos abertos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com base nas delações da Odebrecht: o líder do governo de Michel Temer, Romero Jucá (MDB), e o ex-presidente do PSDB Aécio Neves.

Jucá deve concorrer ao quarto mandato consecutivo. Líder no Senado dos governos dos últimos quatro presidentes – Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer -, o emedebista terá de pôr à prova sua influência em Roraima e convencer o eleitorado de que as acusações contra ele, entre elas lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, são “armação” da Procuradoria-Geral da República, como costuma afirmar.

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A vantagem de Jucá é que, diferentemente de Aécio Neves, ele precisaria convencer 120 mil eleitores para se reeleger. Roraima tem o menor colégio eleitoral do país, com 324 mil pessoas aptas a votar ou 0,22% do total. Já o tucano precisaria de 5 milhões de votos, em média, para ser reeleito em Minas – em 2010, obteve 7,5 milhões de votos.

Após ser gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, da J&F, ver sua irmã presa e seu mandato sob risco, Aécio ainda avalia se disputará algum cargo na eleição. Atual presidente do PSDB e presidenciável do partido, Geraldo Alckmin já declarou que o melhor seria o senador se afastar das urnas – o senador nega as acusações. A decisão, no entanto, ainda não foi tomada. Uma possibilidade cogitada é trocar o Senado pela Câmara, pelo risco menor de derrota.

Risco

Presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann está em posição semelhante à de Aécio Neves. Não quer arriscar a reeleição pela possibilidade da derrota – ela já é ré na Lava Jato -, mas procura outra opção a fim de evitar perder mandato. A mais provável é disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. No entanto, interlocutores do PT também acreditam que ela poderá ser escolhida como vice caso a sigla lance uma chapa pura encabeçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava Jato, à Presidência da República.

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Para o cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV, para ser candidato ao Senado é preciso estar em uma boa posição não apenas perante o eleitor, mas também no partido e com as coligações. “Nestes casos, de Aécio e Gleisi, é mais simples tentar uma vaga na Câmara, onde há uma competitividade menor.” A lógica seria direcionar recursos para uma candidatura que tem mais chances de dar certo.

O senador Hélio José (PROS-DF), suplente do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), confirmou que tentará a Câmara. Mas disse que não é pelo temor de não se reeleger. “Teria totais condições de ser senador, mas o objetivo é representar o povo no Congresso.”

Entre os senadores que abriram mão de disputar as eleições deste ano estão dois ministros do governo de Michel Temer – Blairo Maggi (PP), da Agricultura, e Aloysio Nunes (PSDB), das Relações Exteriores -, Zezé Perrella (PTB) e o suplente Roberto Muniz (PP), que assumiu o mandato no Senado em definitivo. Com exceção de Muniz, todos os outros são investigados pela Operação Lava Jato.

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Cargos no Executivo

Sem o risco de ficar sem cargo, mais da metade dos 27 senadores eleitos em 2014 e, portanto, donos de mais quatro anos de mandato, vai disputar um cargo executivo neste ano – 15 deles se apresentam como pré-candidatos a governadores e dois estão na briga pelo Palácio do Planalto. São eles o ex-presidente Fernando Collor (PTC) e Alvaro Dias (Podemos).

Entre os que buscam governos estaduais, Romário (Podemos-RJ) é um dos que enfrentam posição favorável, liderando as pesquisas de intenção de voto. Para Maurício Fronzaglia, professor de ciências políticas do Mackenzie, o desgaste da classe política no Estado é maior que em outras regiões do País, o que fortalece o ex-jogador. Na avaliação de Carlos Melo, cientista político do Insper, senadores que tentam se tornar governadores têm a chance de usar a eleição, se não para ganhar, para fortalecer seu grupo político.

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