Nos primeiros quatro meses do ano, o presidente Jair Bolsonaro (PL) recuperou popularidade e melhorou seus indicadores nas pesquisas de opinião, acirrando ainda mais a disputa eleitoral com Lula (PT). Levantamento Genial/Quaest mostrou que a avaliação positiva do governo passou de 22% em janeiro para 26% em abril, enquanto a negativa caiu de 50% para 47% no mesmo período. Em intenções de voto espontâneas, Bolsonaro saltou de 16% para 22% no primeiro quadrimestre, reduzindo a vantagem para Lula, com 28%.
Essa melhora já era esperada pelos auxiliares do presidente. Eles previam que o candidato à reeleição empataria com o petista em maio e o ultrapassaria até agosto, num movimento contínuo de crescimento. A estratégia era evitar confrontos desnecessários e priorizar uma agenda positiva, na qual seriam enfatizadas as ações oficiais, como o Auxílio Brasil e a antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS. Esse roteiro vinha sendo cumprido até maio, quando Bolsonaro estancou nas pesquisas.
Nas simulações de primeiro turno estimuladas da Genial/Quaest, o ex-capitão marcou 29% em maio, dois pontos percentuais a menos do que em abril. Lula também ficou onde estava, registrando 45%, um ponto a menos do que no mês anterior. A sondagem da XP/Ipespe divulgada nesta sexta-feira, 20, confirmou o quadro de estabilidade: Lula com 42% e Bolsonaro com 32%. A interrupção da trajetória de crescimento do presidente foi acompanhada de uma mudança de postura de Bolsonaro, que resolveu intensificar os ataques a diferentes alvos.
Nos últimos dias, ele acentuou a ofensiva sobre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o ministro Alexandre de Moraes, que presidirá o TSE nas eleições e é o relator dos inquéritos no Supremo Tribunal Federal que investigam o clã presidencial. Bolsonaro também demitiu o ministro de Minas e Energia, retomou as críticas à diretoria da Petrobras — ameaçando privatizar a empresa, o que não cogitou fazer em nenhum momento de seus mais de três anos de mandato — e insistiu em culpar os governadores pela crise econômica. O objetivo é claro: demonstrar empenho pela redução dos preços dos combustíveis e da energia — um empenho que só não surte efeito, segundo a retórica do ex-capitão, porque Petrobras, governadores, Judiciário e o universo conspirariam contra ele.
A pesquisa XP/Ipespe até detectou que a nova estratégia do presidente o ajudou a convencer o eleitorado de que outros atores também são responsáveis pela carestia dos combustíveis. Mas isso só reduz um pouco o dano eleitoral. De acordo com a Genial/Quaest, 50% dos entrevistados consideram a economia o problema mais grave do país. Eram 37% em janeiro. Dentro os fatores econômicos, há preocupação com a crise de uma forma geral e com a inflação. Sem solução à vista para a comida e a gasolina caras, restou a Bolsonaro a velha estratégia de tentar sair das cordas atacando.