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Segundo a PF, Odebrecht entregou propina na casa da mãe de Wagner

De acordo com investigações, doleiros de Salvador não teriam capacidade de entregar quantias desviadas e, por isso, pagamentos eram feitos no Rio

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 26 fev 2018, 19h43 - Publicado em 26 fev 2018, 13h55
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  • A delegada da Polícia Federal Luciana Matutino Caires, responsável pela Operação Cartão Vermelho, deflagrada nesta segunda-feira (26), relatou que a empreiteira Odebrecht entregou dinheiro na casa da mãe do ex-governador da Bahia Jaques Wagner, no Rio de Janeiro.

    O petista foi alvo de mandado de busca e apreensão da operação e teve sua residência e seu gabinete na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do governo do estado, em Salvador, vasculhados. Foram apreendidos computadores, documentos, mídias e 15 relógios de luxo. A PF suspeita que Jaques Wagner tenha levado 82 milhões de reais desviados das obras do estádio Arena Fonte Nova. A Cartão Vermelho cumpriu sete mandados de busca e apreensão na capital da Bahia.

    “A maioria das vezes em espécie, entregues através de um representante da empresa da Odebrecht, o senhor Claudio Mello Filho. Através de prepostos, não era o senhor Jaques Wagner que recebia de forma direta. À exceção da entrega que foi feita na casa da mãe do senhor Jaques Wagner, no Rio de Janeiro”, afirmou a delegada sobre como seria o repasse do dinheiro. “Um empresário da Odebrecht entregou dinheiro, segundo as delações, na casa da mãe dele [Jaques Wagner], por indicação dele. Ele deu o endereço da mãe para que fosse entregue lá.”

    De acordo com o superintendente Daniel Justo Madruga, da PF na Bahia, o repasse do dinheiro na casa da mãe do ex-governador ocorreu porque “os doleiros aqui em Salvador não teriam capacidade de entregar tal quantia e por isso teria sido feito um pagamento no Rio de Janeiro”. “Os demais pagamentos foram feitos através desses intermediários e a maior parte através de doações de campanha. Isso conforme as delações e alguns outros elementos de prova que temos nos autos”, afirmou.

    Jaques Wagner governou o estado entre 2007 e 2014. A investigação mira irregularidades na contratação dos serviços de demolição, reconstrução e gestão do estádio da Copa 2014. A Polícia Federal identificou que “a licitação que culminou com a Parceria Público Privada nº 02/2010 foi direcionada para beneficiar o consórcio Fonte Nova Participações – FNP, formado pelas empresas Odebrecht e OAS“.

    O advogado Pablo Domingues, que defende Wagner, afirmou que o petista está “absolutamente tranquilo”. O criminalista classificou as suspeitas da Polícia Federal na Operação Cartão Vermelho como “factoides” e “inverdades”.

    “A gente ainda não teve acesso integral ao inquérito. Do que a gente tem conhecimento, é que esses valores são valores feitos de modo aleatório, há uma fragilidade na elaboração dessas contas. São factoides, são inverdades. Ele está muito tranquilo com relação a isso, porque jamais houve essa situação. Está absolutamente tranquilo em relação a isso, afirmou Domingues.

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