‘Se Valeixo sair, eu saio’, diz Moro a Bolsonaro
O ministro da Justiça foi comunicado nesta quinta-feira que haverá troca na direção-geral da PF
Em uma dura conversa na manhã desta quinta-feira com o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, disse que deixará o governo se o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, for substituído. Procurados por VEJA, Moro e Valeixo não quiseram comentar o assunto.
Moro reúne-se toda quinta com Bolsonaro, mas no encontro de hoje, o presidente comunicou a intenção de alterar a principal peça no xadrez do Ministério da Justiça. Depois de ouvir protestos de Moro e a informação de que ele também deixaria o governo, Bolsonaro não recuou. Interlocutores do ministro dizem que generais que atuam no entorno presidencial já começaram a atuar para colocar panos quentes e conter o risco iminente de demissão.
A popularidade do ex-juiz da Operação Lava-Jato sempre incomodou o presidente e seus filhos. O cargo de Moro esteve por um fio em duas ocasiões. A primeira delas foi em setembro de 2019, quando o presidente foi informado que a Polícia Federal estava tramando contra o seu amigo Hélio Bolsonaro (PSL-RJ). A segunda foi em janeiro deste ano. O ministro descumpriu uma recomendação do seu chefe e deu entrevista ao programa Roda Viva. Naquela ocasião, a ala militar do Palácio do Planalto também agiu para impedir a demissão do integrante mais popular do governo.
Maurício Valeixo é um nome de confiança de Moro na Polícia Federal. O delegado foi superintendente da Polícia Federal no Paraná e coordenou a operação de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foi também em sua gestão que foi fechada a delação de Antonio Palocci com a PF em Curitiba.
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Clique e AssineAté o momento, o diretor-geral da PF não foi avisado oficialmente sobre a sua saída. A única sinalização que recebeu foi que a de que o presidente Jair Bolsonaro comunicou que ele deverá ser trocado e aguardar mais informações sobre como proceder. A nova ofensiva pela saída do Valeixo do posto máximo da PF coincide com o momento em que há uma aproximação do presidente com alguns políticos do centrão, alvos de investigações dentro da Polícia Federal.