Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Relator dá parecer contrário à segunda denúncia contra Temer

Bonifácio de Andrada afirmou que 'sobram motivos' para a Câmara não enviar ao STF a acusação contra o presidente, Eliseu Padilha e Moreira Franco

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 out 2017, 18h56 - Publicado em 10 out 2017, 17h20

O deputado federal Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) leu nesta nesta terça-feira, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, parecer contrário à segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer (PMDB) e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência). Temer, Padilha e Moreira são acusados de integrar uma organização criminosa que teria recebido ao menos 587 milhões de reais em propina. O presidente também é acusado de obstrução à Justiça, a partir de uma conversa gravada pelo empresário e delator Joesley Batista, sócio do Grupo J&F.

Ao rejeitar a acusação apresentada pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, Andrada afirmou que “sobram” motivos para que a Câmara não autorize o envio da denúncia à análise do Supremo Tribunal Federal (STF). Para o relator, a possível saída do peemedebista da Presidência em razão da aceitação da denúncia pelos deputados e, depois, pelos ministros do STF,  “representaria uma crise de altas proporções para o povo brasileiro e para o desenvolvimento das instituições”. 

Na leitura do relatório, que durou uma hora e quatro minutos, Bonifácio de Andrada fez críticas à atuação “policialesca” do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, que “enfraquece” o presidente, ministros e a classe política de maneira geral. “É de se concluir facilmente que Executivo e Legislativo se enfraquecerão, enquanto o Ministério Público e a Polícia Federal assumem posicionamento que passa a influir na vida da jurídica e organizacional do país”, afirmou o tucano.

Para Bonifácio de Andrada, a denúncia pelo crime de organização criminosa remete a fatos anteriores ao mandato de Michel Temer na Presidência, motivo pelo qual ele não poderia ser processado, e criminaliza atividades político-partidárias, como as indicações a cargos e ministérios na formação do governo. “Somente os fatos após maio de 2016, quando o presidente assumiu, é que serão objeto de analise penal. É curioso que uma das acusações contra o presidente seja que ele fez nomeações e organizou o seu ministério e faz o seu governo no momento em que assumiu a direção do país”, afirmou Andrada, para quem a PGR “queria que o presidente assumisse o governo sem ministros”.

“É inadmissível considerar que o partido político constitua uma associação para fins criminais. Não é como uma organização criminosa”, criticou.

Continua após a publicidade

O relator sustentou também que a denúncia assinada por Rodrigo Janot se baseia sobretudo em delações premiadas e não apresenta provas contra Temer, Padilha, Moreira e os demais políticos denunciados. “O que nos fica claro é que a tentativa de envolver ministros de Estado e o presidente num somatório de informações acusatórias não encontra respaldo nas várias páginas da denúncia, nem tampouco na legislação aplicável pelo texto constitucional”, disse Andrada.

O tucano ainda atacou o diálogo gravado por Joesley Batista no Palácio do Jaburu, em março, no qual ele informou a Michel Temer que estaria “de bem” com o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o lobista Lúcio Bolonha Funaro e ouviu de Temer: “Tem que manter isso aí”. O empresário relatou em sua delação que o “estar de bem” significava que ele estava pagando a Cunha e Funaro para evitar suas delações premiadas, e que o presidente o encorajou.

“A gravação realizada por Joesley já sofreu criticas de toda espécie, havendo inclusive fortes indícios de que as gravações foram alteradas e tiveram partes suprimidas”, declarou o relator, que também mencionou, sem citá-lo diretamente, o ex-procurador da República Marcello Miller, cuja atuação nas tratativas da delação da JBS levou Janot a rescindir os acordos de delação de Joesley Batista e do ex-diretor de relações institucionais da JBS Ricardo Saud.

Continua após a publicidade

“A denúncia não preenche os requisitos constitucionais legais de que o presidente não pode ser processado por fatos estranhos ao exercício de suas funções. Não há justa causa ao prosseguimento da denúncia, baseada em delações sob suspeita e considerando ainda que a decisão da Câmara não é definitiva e nenhum prejuízo ocorrerá a eventual persecução criminal e a pretensão punitiva do Estado, sobram argumentos para a denegação da autorização solicitada pelo Supremo Tribunal Federal”, finalizou Bonifácio de Andrada.

O relatório de Andrada deve ser discutido e votado na CCJ na próxima semana. A decisão do colegiado será então submetida ao plenário da Câmara. Para que a denúncia siga à análise do STF, 342 deputados devem votar a favor dela. A primeira denúncia contra o presidente, pelo crime de corrupção passiva, reuniu apenas 227 votos favoráveis na Casa e foi suspensa até que Temer deixe a Presidência, no início de 2019.

Após a manifestação do relator, os advogados de Michel Temer, Eliseu Padilha e Moreira Franco terão o mesmo tempo para argumentar em defesa deles.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.