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Quaest: 88% dizem não se arrepender do voto; nota a governo é de 5,7

Levantamento traz sucessivas mostras de que polarização permanece enraizada no país um ano após as eleições

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 dez 2023, 07h04 - Publicado em 20 dez 2023, 07h00
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  • Com o Brasil cindido ao meio desde as eleições presidenciais, a polarização do país deu mostras de vitalidade no fim do primeiro ano do governo do presidente Lula, com 88% do eleitorado afirmando categoricamente não se arrepender do voto depositado nas urnas nas eleições de 2022. Os dados são da pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 20. Entre eleitores que dizem ter optado pelo petista no segundo turno, o grau de convicção no voto chega a 92%, enquanto 93% dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmam não ter se arrependido.

    A manutenção do quadro de divisão política também ganha corpo quando são analisados estratos tradicionalmente vinculados a Lula, como eleitores da região Nordeste, ou a Bolsonaro, como brasileiros que se declaram evangélicos. Quando perguntados que nota dão para o primeiro ano de governo, são do Nordeste a cifra mais generosa – 6,9 – e de eleitores que ganham até dois salários mínimos – 6,2. A nota geral dada ao novo Executivo é de 5,7, mas nichos atribuídos ao capitão, como moradores da região Sul, eleitores de maior poder aquisitivo e evangélicos, foram os que deram notas mais baixas – 5,2 nos três casos.

    Os efeitos de um país rachado são visíveis em uma terceira rodada de questionamentos da pesquisa Genial/Quaest, quando os entrevistados são perguntados se Lula ajuda a unir ou desunir o país e se o Brasil está direcionado para o rumo certo. Para 58%, Lula ajudou a desunir o Brasil (35% acreditam que ajudou a unir), mas quando é feito o recorte entre eleitores bolsonaristas, 89% dizem que ajudou a desunir (7% a unir).

    No universo de votantes de Lula no segundo turno, 31% afirmam que o petista ajudou a desunir (62% a unir). O Brasil está indo na direção certa para 45%, mas 43% discordam. Há dois meses, quando foi feita a última medição, 49% diziam que o país caminhava por uma trilha errada e 43% pela certa. O levantamento foi realizado a partir de 2.012 entrevistas. Ele tem margem de erro de 2,2 pontos porcentuais e nível de confiança de 95%.

    A aprovação do trabalho do presidente Lula é de 54%, mesmo porcentual do último levantamento, em outubro, enquanto a avaliação geral do governo se manteve estável, com 36% de índice positivo, 29% de negativo e patamar de 32% entre aqueles que consideram a administração federal como regular.

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    Mais uma vez, as grandes oscilações ocorrem quando os eleitores são divididos entre aqueles que votaram no petista e em Bolsonaro no segundo turno da disputa presidencial. Entre os eleitores que dizem ter escolhido o ex-mandatário, a avaliação geral do governo é negativa para 66% (seis pontos porcentuais a mais do que em outubro), regular para 27% e positiva para apenas 5%. Entre os brasileiros que foram às urnas endossar um terceiro mandato do atual presidente, 69% têm avaliação positiva do governo (mesma cifra de outubro), 26% regular e 4% negativa.

    O Nordeste, que em 2022 deu mais de 69% dos votos válidos ao petista no segundo turno, é a região em que os eleitores mais aprovam o trabalho de Lula (70% ante 68% em outubro). Em sentido oposto, a desaprovação é mais significativa entre os eleitores que se declaram evangélicos, com 56% (41% aprovam). Entre os católicos, a desaprovação é de 37%, e a aprovação, de 61%.

    Também evidência da polarização, o endosso ao trabalho de Lula chega a 90% entre aqueles que declararam ter votado no petista no segundo turno e a apenas 15% entre os eleitores bolsonaristas. Em sentido oposto, entre os que dizem ter votado em Bolsonaro, o patamar de desaprovação chega a expressivos 83%.

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    Quais os maiores acertos e erros do governo?

    A pesquisa Genial/Quaest também mediu os maiores acertos e erros do governo ao fim do primeiro ano de mandato de Lula e as perspectivas do eleitorado para o futuro próximo. Entre os maiores tentos, lideram as menções dos entrevistados a recriação do Minha Casa, Minha Vida, o aumento do Bolsa Família e o programa de renegociação de dívidas Desenrola. Na categoria de erros, viagens internacionais ganham a dianteira em menções, ao lado da postura de não classificar o Hamas como um grupo terrorista e da decisão de retomar relações diplomáticas com a Venezuela.

    Comparando os dois primeiros mandatos de Lula, o atual governo está pior para 36%, igual para 32% e melhor para 29%. A última vez que esta variante foi medida pela Quaest, em junho, 35% haviam afirmado que a atual administração era melhor do que as duas anteriores do petista. Na comparação com fevereiro, porém, quando a consultoria fez o mesmo questionamento, 53% diziam que Lula 3 era melhor do que os dois mandatos anteriores.

    Perspectivas econômicas

    Apontado pelos entrevistados como o melhor ministro do primeiro ano, Fernando Haddad personifica também aquele que é considerado o principal problema do país: a economia (25%). Saúde (14%), questões sociais (13%), corrupção (12%), violência (10%) e educação (5%) completam a lista do que os entrevistados apontaram como gargalos mais relevantes.

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    Embora a avaliação da economia tenha permanecido estável na comparação de outubro para dezembro, com 34% dos entrevistados afirmando que melhorou, 31% que piorou e 33% a considerando do mesmo jeito, nos próximos 12 meses 55% têm expectativa de que a economia vai melhorar (cinco pontos a mais do que em outubro) e 25% de que vai piorar. Também aumentou para 32% o patamar daqueles que acham que o desemprego vai diminuir (ante 27% em outubro).

    A despeito de 48% dos entrevistados terem considerado que, no último mês, o preço dos alimentos subiu, na percepção da inflação 20% dizem ter expectativa de que ela vai diminuir. Pela primeira vez desde junho de 2022, o boletim Focus do Banco Central registrou nesta segunda-feira  avaliação semelhante, com redução da expectativa de inflação deste ano de 4,51% para 4,49%.

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