O quadro de saúde do candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, é “grave, mas estável”, informou na noite desta quinta-feira, 6, em coletiva de imprensa, a equipe médica que participou da cirurgia no abdômen do presidenciável, esfaqueado por um homem nesta tarde, durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG).
“O paciente está na Unidade de Tratamento Intensivo, é um quadro naturalmente grave, pela magnitude do traumatismo, mas estável no momento”, declarou Luiz Henrique Borsato, cirurgião que conduziu a operação de cerca de quatro horas. O médico Gláucio Souza destacou que Bolsonaro “chegou em estado muito grave ao hospital, com pressão muito baixa”.
Segundo Borsato, as lesões mais graves, que representavam risco à vida de Bolsonaro, foram “identificadas e tratadas” durante a cirurgia, “mas é claro que complicações da cirurgia podem acontecer, uma delas a infeção intra-abdominal”. O médico disse que o período dos próximos dois dias é crucial para a recuperação.
De acordo com a equipe da Santa Casa, Bolsonaro foi levado à Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) após a cirurgia como “procedimento padrão”, mas está consciente e já recebeu familiares. Quando acordou da anestesia, o presidenciável perguntou sobre os filhos. Dois deles estão com Bolsonaro no hospital, além de assessores de sua campanha.
Não há estimativa sobre quantos dias ele ficará na UTI, mas o candidato ao Palácio do Planalto deve passar pelo menos um período de sete a dez dias hospitalizado. Uma transferência ao Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, será analisada nas próximas horas. Depois de deixar o hospital, diz Gláucio Souza, “ainda será preciso um período de repouso”.
A cirurgia
Borsato apontou que a facada desferida por Adelio Bispo de Oliveira causou uma “volumosa hemorragia interna”, deixou três perfurações no intestino delgado do presidenciável, que foram suturadas, e uma “lesão grave” no cólon transverso, uma porção do intestino grosso. Neste caso, não houve pontos, mas um procedimento conhecido como colostomia, que consiste na exteriorização de parte do intestino em uma bolsa.
“Havia contaminação de fezes no interior da cavidade abdominal. Optamos por não tratar com pontos, mas por fazer ressecção do segmento e confeccionamos uma colostomia no paciente, quando coloca o intestino na parede abdominal, onde temporariamente serão excretados os gases e fezes”, explicou Borsato. Conforme ele ressaltou, não houve lesão no fígado de Bolsonaro.
Segundo o cirurgião, Jair Bolsonaro deve ficar cerca de dois meses com a bolsa da colostomia e, então, será operado novamente para reverter o procedimento. Como o prazo terminaria depois das eleições, o médico foi questionado sobre se a colostomia impediria o candidato de fazer campanha. Ele respondeu que há pacientes que convivem com a bolsa permanentemente – o que não é o caso do presidenciável – com “qualidade de vida”.
Transferência a SP
Sobre a transferência ao Sírio-Libanês, o coordenador-geral do hospital, Cícero Rena, declarou que seria possível desde que Bolsonaro tenha condições clínicas de ser transportado. “Neste momento o paciente não tem condições de ser transferido”, afirmou Rena.
Luiz Henrique Borsato disse que recebeu contato de uma equipe do hospital paulistano, que deve chegar a Juiz de Fora por volta da meia-noite. “Foi feito contato do Hospital Sírio Libanês para acompanhar o caso e acredito que deva ter condições de transferência, mas não tem como precisar isso. Nessa noite ele vai permanecer na UTI. Mas, tão logo haja condições e seja do desejo da família, a gente não vê porque não haver transferência”.
A equipe médica da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora divulgará um novo boletim sobre o estado de saúde de Jair Bolsonaro por volta das 10h30 desta sexta-feira, 7, além de uma coletiva no período da tarde.