O senador e ex-presidente da República Fernando Collor (PTC-AL) não será mais candidato à Presidência, cargo que ocupou entre 1990 e 1992. Comunicado assinado pelo presidente do seu partido, Daniel Tourinho, e publicado no site da legenda diz que “sobrevivência” da sigla foi um dos motivos para a desistência da candidatura própria.
Segundo Tourinho, “a principal luta da instituição” será atingir ao menos 1,5% dos votos válidos para a Câmara. Com isso, ultrapassaria a chamada cláusula de barreira, aprovada na reforma eleitoral do ano passado e que restringe o acesso das legendas que não conseguirem coeficientes eleitorais mínimos ao Fundo Partidário.
O nome de Collor não é citado no comunicado do partido. O ex-presidente não comentou a decisão nem fez qualquer menção ao fato em suas redes sociais. Ele também pouco fez pela própria pré-campanha. No período em que os interessados na disputa estavam se desdobrando em ações públicas e de marketing, Collor preferiu viajar em missão oficial à Coreia do Norte – com o objetivo de reorganizar a embaixada brasileira em Pyongyang.
Rejeição
Collor só teve destaque no noticiário eleitoral quando pesquisa do instituto Datafolha apontou seu nome como o mais rejeitado pelos eleitores. O ex-presidente, que parecia fadado a ocupar o mesmo espaço de nomes como Levy Fidelix e José Maria Eymael na disputa de outubro, já obteve 35 milhões de votos – sendo eleito o primeiro presidente pós-redemocratização em 1989.
Na ocasião, Collor venceu no segundo turno o petista Luiz Inácio Lula da Silva – atualmente condenado e preso na Lava Jato. Ele comandou o país entre 1990 e 1992, quando renunciou à Presidência em 29 de dezembro, antes que o processo de impeachment fosse aprovado.
Neste ano, a pré-candidatura do senador não entusiasmou. Assim como em 1989, ele se declarou pré-candidato em Arapiraca, no agreste alagoano. Especulou-se até que, desta vez, o comitê central de sua campanha seria na cidade com pouco mais de 230.000 habitantes. A escolha também pode ter sido um tanto supersticiosa – já que 29 anos atrás corria a informação de que era em Arapiraca que viveria uma suposta vidente que prestava serviços a Collor.
Ele confirmou sua pré-candidatura em fevereiro, quando na tribuna do Senado até citou um filósofo alemão. “Como disse Schopenhauer, o destino embaralha as cartas, e nós jogamos”, afirmou. Collor deve continuar no Senado, onde tem mandato até 2023.