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Doria é lançado candidato em SP com ‘Moro herói’ e ataques à esquerda

Em convenção do PSDB, ex-prefeito de São Paulo também adotou tom conciliador em relação ao presidenciável Geraldo Alckmin, com quem rivalizou internamente

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 jul 2018, 19h37 - Publicado em 28 jul 2018, 07h00
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  • O PSDB paulista oficializou neste sábado, 28, o nome do ex-prefeito de São Paulo João Doria Jr. (PSDB) como candidato do partido ao governo do estado. Na campanha em que tentará fazer os tucanos chegarem a 28 anos de poder no estado mais rico e populoso do país, Doria terá como companheiro de chapa o deputado federal Rodrigo Garcia, indicado pelo DEM como vice na chapa.

    João Doria chegou à convenção, em um centro de exposições na Zona Oeste da capital paulista, por volta das 12h, e fez o discurso de encerramento do encontro, por volta das 14h. Como sempre, sua participação foi introduzida pelo “tema da vitória” de Ayrton Senna.

    Em sua fala, Doria adotou tom conciliador em relação ao candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, chamando-o diversas vezes de “presidente” e “futuro presidente”, e disse que trabalhará para garantir uma vitória ao ex-governador no estado. Ele mais exaltou os governos tucanos em São Paulo do que falou da própria candidatura.

    Já Alckmin, que chegou ao evento por volta as 13h30, depois de participar da convenção nacional do PTB, em Brasília, ressaltou a saúde fiscal do estado sob sua gestão e pouco citou Doria em seu discurso. Quando o fez, foi para classificá-lo como “homem de inovação” e exaltar sua “capacidade de trabalho”. Os dois chegaram a rivalizar internamente pela indicação do PSDB à Presidência.

    Fora os acenos a Geraldo Alckmin, o ex-prefeito usou seu discurso para atacar a esquerda e o Partido dos Trabalhadores, que terá como candidato ao governo de São Paulo o ex-prefeito de São Bernardo do Campo Luiz Marinho.

    “O PT e partidos de esquerda prometem muito, fazem pouco e, quando fazem, é para roubar o povo, roubar os mais humildes. Temos treze milhões de desempregados”, afirmou o tucano, que também criticou o “radicalismo” em sua fala.

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    João Doria declarou apoio às investigações anticorrupção no país e classificou como “herói” o juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato no Paraná e por condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao falar sobre a prisão de Lula, Doria citou a detenção de tucanos por corrupção, sem, contudo, mencionar seus nomes.

    “O herói Sergio Moro, juiz destemido e corajoso, colocou Lula na cadeia e já pôs vários outros. Não há seletividade não, vai para a cadeia quem merecer ir para a cadeia, de qualquer partido, inclusive o meu. Se é ladrão, cadeia”, afirmou.

    No que chamou de “recadinho” a Paulo Skaf, candidato do MDB ao governo paulista, João Doria disse que não há “estafa” da população com o PSDB, mesmo após 24 anos. “Você não tem autoridade para falar de continuidade”, ironizou, em referência aos 14 anos de Skaf na presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

    Vice-líder nas pesquisas de intenção de voto, atrás de Doria, o emedebista também foi criticado por Pedro Tobias, presidente do PSDB paulista. Citando a relação entre Skaf e o ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho (1991-1994), Tobias disse que o adversário de Doria representa uma “volta ao passado”.

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    Dono da maior coalizão de partidos na disputa em São Paulo, João Doria ainda atacou, sem citar nomes, candidatos que criticam a formação de alianças para as eleições. “Quem advoga contra alianças é quem não soube e não teve a credibilidade para fazê-las. Quis e não conseguiu.”

    Tempo na TV e alianças

    À frente de uma coligação que, além de PSDB e DEM, tem PSD, PRB, PP e PTC, Doria terá na campanha 22 minutos e 11 segundos de exposição diária nas propagandas de rádio e TV, a maior entre os candidatos ao governo paulista.

    Também favorecerá o tucano a capilaridade dos partidos aliados nos municípios do interior do estado, um já tradicional reduto eleitoral de seu partido – em 2014, quando se reelegeu governador, Geraldo Alckmin foi o mais votado em 644 das 645 cidades paulistas. Em 2016, o PSDB elegeu 169 prefeitos no estado, enquanto as demais siglas do arco de alianças somam, ao menos, 124 prefeituras.

    Além de embalar a candidatura presidencial de Alckmin no maior colégio eleitoral do país e tentar se manter na liderança das pesquisas eleitorais – ele tem 29% das intenções de voto, segundo o Datafolha –, Doria buscará, com os trunfos eleitorais, reduzir a rejeição a seu nome, sobretudo entre eleitores da capital paulista, depois de sua renúncia à Prefeitura da cidade. Eleito em primeiro turno em 2016, um feito inédito em São Paulo, ele se anunciava como um “gestor”, e não um político, e prometeu cumprir o mandato até o fim. No entanto, ocupou o cargo por apenas um ano e quatro meses e deixou promessas não cumpridas.

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    Como resultado da decisão, 49% dos eleitores paulistanos dizem não votar no prefeito, número que é de 25% no interior paulista, conforme números do Datafolha divulgados em abril.

    Contra a máquina estadual

    Esta será a primeira eleição desde 1994 em que o candidato do PSDB disputará o Palácio dos Bandeirantes tendo um rival como governador do estado. Eleito vice-governador em 2014, Márcio França (PSB) tomou posse no governo de São Paulo há pouco mais de três meses, quando Geraldo Alckmin renunciou ao cargo para concorrer à Presidência da República.

    Ainda desconhecido de boa parte do eleitorado, França tem 8% das intenções de voto, conforme o Datafolha. Ele é superado por Doria e o presidente licenciado da Federação das Indústrias de São Paulo, Paulo Skaf, que tem 20%. Atrás do pessebista aparece Luiz Marinho, do PT, com 7%.

    Embora soubesse bem das pretensões de Márcio França em concorrer à reeleição e dos tucanos paulistas em lançarem um candidato por mais quatro anos de poder, Alckmin defendia que seus aliados formassem um palanque único em São Paulo. Assim, ele evitaria atritos em sua base eleitoral que prejudicassem seu desempenho no estado, maior colégio eleitoral do país, e, assim, sua candidatura ao Palácio do Planalto. Os apelos não funcionaram e Márcio França e João Doria, alçados à disputa, passaram a trocar farpas publicamente.

    Conforme as pesquisas eleitorais, nas quais Geraldo Alckmin patina entre 6% e 7% das intenções de voto, o presidenciável tucano tem perdido espaço em São Paulo para o candidato do PSL à Presidência, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Segundo pesquisa Datafolha divulgada em abril, Bolsonaro tem 14% da preferência dos paulistas, enquanto Alckmin, que governou o estado por quase 14 anos em quatro mandatos, tem 13%.

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