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PSDB não fará parte do governo nem aceitará cargos, diz Alckmin

Presidente nacional do partido, entretanto, despistou sobre deputados tucanos fecharem questão a favor da reforma da Previdência

Por André Siqueira Atualizado em 4 abr 2019, 16h53 - Publicado em 4 abr 2019, 15h58

O presidente nacional do PSDB Geraldo Alckmin afirmou que o partido não fará parte do governo Bolsonaro nem aceitará cargos políticos, mas que apoia a reforma da Previdência. O tucano se reuniu nesta quinta-feira, 4, com o presidente da República em uma série de encontros entre o Palácio de Planalto e líderes partidários para discutir as mudanças no sistema de aposentadorias.

“Eu disse ao presidente Bolsonaro que o nosso partido defende a reforma da Previdência, mas não fará parte do governo nem aceitará cargos políticos. Manteremos total independência”, afirmou a VEJA. Alckmin ressaltou que a reforma deve se basear em dois aspectos: justiça social e responsabilidade fiscal. “O sistema atual é injusto, uma vez que a grande parte da população ganha um salário mínimo, enquanto os servidores públicos ganham muito acima da realidade”, disse.

Alckmin acrescentou que o PSDB é contra as mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas com deficiência em condição de miserabilidade. “É inaceitável existir um benefício menor que o salário mínimo”, disse. Caso a proposta do governo Bolsonaro seja aceita, a idade para receber o benefício vai subir de 65 para 70 anos e o valor, que hoje é de um salário mínimo, será reduzido a 400 reais. 

Questionado pela reportagem se a bancada do PSDB, formada por trinta deputados, fecharia questão a favor da reforma da Previdência, caso os dois pontos sejam alterados, Alckmin disse que o assunto ainda não foi discutido, mas que a tendência é que o partido seja “amplamente favorável” à proposta. Candidato derrotado à presidência em 2018, ele também afirmou ter sido “bem recebido” por Bolsonaro.

Segundo o ex-governador, é preciso detalhar os planos para a idade mínima e para o período de transição. Na visão do tucano, a idade mínima estabelecida pelo ministro Paulo Guedes é “razoável e necessária, porque há uma mudança demográfica no Brasil”. Contudo, para o presidente nacional do PSDB, “não faz o menor sentido” não haver distinção na idade mínima entre homens e mulheres na aposentadoria rural.

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Articulação política

Na visão de Alckmin, “o governo Bolsonaro tem agido de forma errática” na relação com o Congresso – na semana passada,  o presidente da República foi criticado publicamente pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) por problemas no diálogo com parlamentares.

“Não existe velha e nova política, mas a boa e a má política. A boa política não envelhece, porque trata do interesse público, da responsabilidade fiscal e, sobretudo, do diálogo”, disse Alckmin. “Nesse sentido, falta diálogo no atual governo, porque quem ouve mais erra menos”, acrescentou.

Bolsonaro usou o Twitter para dizer que “tudo ocorreu em alto nível” e “nada se falou sobre cargos” nas reuniões que realizou hoje com presidentes e líderes de partidos políticos. Para ele, as primeiras conversas demonstram que Executivo e Legislativo estão unidos pela reforma da Previdência.

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“Pela manhã me reuni com vários presidentes e líderes de partidos. Tudo ocorreu em alto nível. Ao contrário do que propalado por alguns, nada se falou sobre cargos. Executivo e Legislativo unidos, por uma causa que representa o futuro de nossos filhos e netos: a Nova Previdência”, postou Bolsonaro.

Criticado pela falta de articulação política, principalmente no Congresso, Bolsonaro resolveu dar início a um movimento de aproximação das lideranças partidárias nesta quinta-feira, depois de três meses de governo. Pela manhã, o presidente recebeu PSD, PP, PSDB, DEM e PRB. Ainda hoje, ele terá encontro com o MDB. Na próxima semana, Bolsonaro terá uma nova rodada de reuniões, desta vez com PSL, PR, PROS, Podemos e Solidariedade. Por enquanto, só o PSL, que é o partido de Bolsonaro, integra a base de apoio do governo no Congresso.

(com Estadão Conteúdo)

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