Protagonistas das eleições presidenciais no Brasil nos últimos 24 anos, PSDB e PT anunciam neste sábado, 4, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como seus candidatos à Presidência da República no pleito de outubro. Depois de se revezarem no poder entre 1995 e 2016, quando o MDB assumiu o Palácio do Planalto após o impeachment da petista Dilma Rousseff, os dois partidos chegam às suas convenções nacionais de 2018 em condições inéditas.
À frente de uma ampla coligação de centro-direita, que inclui o antigo aliado DEM (ex-PFL), o PSDB tem pela primeira vez um adversário competitivo à direita, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), com possibilidades reais lhe tomar o lugar no segundo turno. Bolsonaro ganhou espaço entre o eleitorado conservador de regiões tradicionalmente tucanas, como Sul e Centro-Oeste do país e São Paulo, segundo apontam pesquisas de intenção de voto.
Em sua segunda disputa presidencial – foi derrotado justamente por Lula em 2006 – Alckmin está estacionado entre 6% e 7% nas pesquisas e conta com os 40% do tempo do horário eleitoral em rádio e TV, acumulados graças a uma aliança com os partidos do chamado Centrão, para atrair os eleitores indecisos. Conforme dados da mais recente pesquisa CNI/Ibope, divulgados na última quinta-feira, 28% do eleitorado no país dizem não saber em quem votar e 31% afirmam anularão o voto.
Já o candidato do PT lidera as pesquisas, mas, condenado em segunda instância por corrupção na Operação Lava Jato e preso há quase quatro meses, está virtualmente inelegível por estar enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
Para aumentar o poder de transferência de votos a um “plano B” a ser indicado, o partido e Lula adotaram a estratégia de manter o nome do ex-presidente como candidato até o limite, ou seja, ele terá sua candidatura registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia 15 de agosto. Sendo barrado, o candidato alternativo será apresentado – o mais cotado é o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.
Marcada para a Casa de Portugal, em São Paulo, às 9h30, a convenção que lançará Lula como candidato será feita sem a definição sobre o candidato a vice-presidente em sua chapa. O PT negocia com o PCdoB para ter na vaga a deputada estadual Manuela D’Ávila, já indicada por seu partido como candidata à Presidência, e chegou a convidar o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) para o posto, o que ele rejeitou.
Ao contrário do adversário, Alckmin chegará à convenção nacional do PSDB, prevista para as 9h, em um centro de convenções em Brasília, com a companheira de chapa definida. Depois de ter sido rejeitado pelo empresário Josué Gomes da Silva, filho do ex-vice-presidente José Alencar e filiado ao PR, o tucano escolheu como vice a senadora Ana Amélia (PP-RS), que aceitou o convite.
Marina e Dias
Apresentada ao eleitor como terceira via a PSDB e PT nas eleições presidenciais de 2010 e 2014, sem, no entanto, ter chegado ao segundo turno em nenhuma delas, a ex-ministra e ex-senadora Marina Silva também será lançada à corrida presidencial, como candidata da Rede Sustentabilidade. A convenção do partido está marcada para as 9h em um centro de eventos em Brasília.
Na última quinta-feira, Marina fechou uma aliança com o PV, partido pelo qual concorreu ao Planalto em 2010, e terá como candidato a vice-presidente Eduardo Jorge.
Outro presidenciável que será oficializado na disputa pela Presidência da República é o senador Alvaro Dias (Podemos-PR). A convenção terá início às 8h na sede do Paraná Clube, em Curitiba. Dias terá como companheiro de chapa o ex-presidente do BNDES Paulo Rabello de Castro (PSC), que abriu mão de sua candidatura ao Planalto. Além do PSC, o presidenciável do Podemos recebeu os apoios de PTC e PRP.
Já tiveram as candidaturas à Presidência lançadas em convenções nacionais Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSL), Henrique Meirelles (MDB), Manuela D’Ávila (PCdoB), Guilherme Boulos (PSOL) e Vera Lúcia (PSTU).
França em SP e Romário no RJ
Neste sábado também serão lançadas as candidaturas do governador Márcio França (PSB) e do senador Romário (Podemos) aos governos de São Paulo e do Rio de Janeiro, respectivamente.
Após assumir o governo paulista com a renúncia de Geraldo Alckmin para disputar a Presidência, França será oficializado pelo PSB na disputa pelo Palácios dos Bandeirantes em um evento no Palácio do Trabalhador, às 9h. O pessebista ainda não tem vice definido.
Já o ex-jogador de futebol, que lidera as pesquisas de intenção de voto ao governo fluminense, será lançado pelo Podemos em convenção no Clube Municipal da Tijuca, também às 9h. Romário terá como companheiro de chapa na corrida pelo Palácio Guanabara o deputado federal Marcelo Delaroli (PR).