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Procuradores da Lava Jato articularam apoio a Moro em 2016

Segundo o jornal 'Folha de S. Paulo', novas mensagens vazadas pelo site The Intercept Brasil expõem ainda mais a proximidade entre o juiz e a força-tarefa

Por Da Redação
Atualizado em 24 jun 2019, 13h56 - Publicado em 23 jun 2019, 09h07
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  • Os procuradores da Lava Jato armaram apoio ao então juiz Sergio Moro em 2016 para impedir que os atritos entre ele e os ministros do Supremo Tribunal Federal paralisassem as investigações, informou o jornal Folha de S. Paulo, com base em mensagens obtidas pelo site The Intercept Brasil. As tensões entre o magistrado e o STF aumentariam, na percepção dos procuradores, com a divulgação de documentos encontrados pela Polícia Federal na casa de um executivo da empreiteira Odebrecht que expunham políticos com direito a foro especial.

    A divulgação dessa troca de mensagens entre Moro e Dallagnol agrava ainda mais a situação do ministro da Justiça, ao reforçar a relação de cooperação entre juiz e procurador, considerada incompatível com o princípio de imparcialidade exigido de qualquer magistrado. Mensagens divulgadas no dia 9 de junho pelo The Intercept Brasil já haviam apontado essa cooperação entre o juiz e acusação – nelas, Moro diz ao procurador ter recebido de “fonte séria” a informação de que uma testemunha estaria disposta a depor sobre transferências de propriedade de um dos filhos de Lula.

    O episódio divulgado agora teve como pano de fundo a decisão da PF de anexar os documentos da Odebrecht nos autos de um processo da Lava Jato em 22 de março daquele ano, sem preservar seu sigilo. No dia seguinte, segundo a Folha, Moro escreveu mensagem pelo Telegram a Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. “Tremenda bola nas costas da PF. E vai parecer afronta”, queixou-se o juiz, que havia se programado para enviar ao tribunal superior o inquérito sobre João Santana, o marqueteiro das campanhas petistas.

    Dallagnol informou a Moro que já havia entrado em contato com a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o aconselhou a enviar outro inquérito para o Supremo. Horas depois, escreveu novamente ao então juiz para defender que não houve má-fé da PF. “Continua sendo lambança. Não pode cometer esse tipo de erro agora”, respondeu Moro.

    O procurador prometeu apoio incondicional a Moro. “Saiba não só que a imensa maioria da sociedade está com você, mas que nós faremos tudo o que for necessário para defender você de injustas acusações”, escreveu ao juiz, que temia o exame de sua atuação pelo Conselho Nacional de Justiça.

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    Ainda segundo a Folha, Moro informou a Dallagnol sobre sua decisão de enviar os três principais processos sobre a Odebrecht ao STF, inclusive o do caso de Santana. Dallagnol prometeu conversar com o representante do Ministério Público no CNJ e indicou que apressaria o envio ao  STF de denúncias em preparação, com os acusados e crimes já definidos.

    Resposta

    Procurada no domingo 23, a Procuradoria da República no Paraná respondeu a VEJA somente nesta segunda-feira, 24. “A força-tarefa não teve acesso aos materiais citados pelo jornal e, por isso, tem prejudicada sua possibilidade de avaliar a veracidade e o contexto dos supostos diálogos. Os integrantes da Força Tarefa pautam suas ações pessoais e profissionais pela ética e pela legalidade”, informou.

    O Ministério da Justiça igualmente foi procurado, mas não respondeu. Na noite de domingo, emitiu nota na qual repudia os diálogos publicados pela Folha.

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