O Progressistas corteja o presidente Jair Bolsonaro há pelo menos oito meses para convencê-lo a disputar a campanha à reeleição pelo partido que já o abrigou entre 2005 e 2016. Com a quarta maior bancada federal e os próceres da sigla Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil, e Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, como aliados próximos do ex-capitão, a legenda se encaixa nos requisitos avaliados como cruciais pelo senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) para tornar a campanha do pai presidente competitiva. A interlocutores o Zero Um avaliou que a disputa de 2022 exigirá que os principais candidatos estejam filiados a um partido de médio ou grande porte e que tenha recursos e tempo de televisão para a propaganda eleitoral.
De fato, o Progressistas cumpre a lista de exigências de Flávio – são 42 deputados, 8% do tempo total de propaganda partidária e pelo menos 140 milhões de reais de fundo eleitoral, mas não há hoje qualquer intenção da cúpula da sigla de ceder o robusto caixa partidário ao projeto de reeleição de Bolsonaro. A informação é do próprio líder do governo na Câmara e tesoureiro do Progressistas Ricardo Barros (PR). A ideia é que Bolsonaro se filie mesmo aos quadros da agremiação, mas acabe financiando o partido com uma enxurrada de doações de apoiadores, e não o inverso.
“Há alguma dúvida de que o presidente tem financiadores para a campanha, que esses empresários todos que são bolsonaristas não vão contribuir para a campanha? O partido vai ser muito beneficiado nessa área de financiamento de campanha com a vinda do Bolsonaro. [Seus apoiadores] farão doações via pessoa física”, disse Ricardo Barros a VEJA.
“O caixa do partido vai para a campanha dos deputados federais. A campanha de presidente vai ter uma arrecadação própria, de doação. Podemos inclusive ter sobra da campanha presidencial para ajudar os deputados. É óbvio que o agronegócio todo vai patrocinar o presidente. Tem fazendeiro de 10.000, 15.000 alqueires plantados que declara na pessoa física. O limite dele é alto, não vamos ter dificuldade em arrecadar. Bolsonaro não vai pesar para o partido”, completou o dirigente. Apenas a partir de maio do próximo ano é que o partido vai decidir o montante que cada candidato terá direito de usar nas campanhas a deputado e senador.
É do DNA do Progressistas integrar a base de apoio do governo – qualquer que seja ele – mas dirigentes da sigla concluíram que pela primeira vez é hora de, com a provável filiação do presidente, ter um nome próprio para a disputa ao Palácio do Planalto. “Não dá para um partido como o PP, que é um dos maiores, ficar parado enquanto os outros crescem. O PP tradicionalmente não tem candidato a presidente, mas nunca teve tanta cara de governo quanto tem hoje”, disse, sob reserva, um integrante da diretoria da legenda.