A delação do doleiro Lúcio Bolonha Funaro chegou nesta terça-feira ao gabinete do ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Cabe a ele homologar o acordo que Funaro firmou com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Após a conclusão do procedimento, o Ministério Público Federal (MPF) poderá utilizar as informações prestadas pelo operador financeiro para levar as investigações adiante.
Antes de homologar a delação, Fachin convocará o colaborador para confirmar que o acordo foi assinado de forma espontânea. O acordo foi assinado há uma semana, na sede da PGR, em Brasília. O doleiro vem prestando depoimentos aos investigadores desde então.
O conteúdo da delação é mantido em sigilo. Nas conversas com a PGR, Funaro detalhou a sua atuação como operador de propinas do PMDB na Câmara dos Deputados. O grupo político é liderado pelo presidente Michel Temer (PMDB) e tem entre os seus principais integrantes os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco e os ex-ministros Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves. Além deles, outro importante representante dos peemedebistas da Câmara é o ex-deputado Eduardo Cunha, preso em Curitiba por ordem do juiz Sergio Moro.
A expectativa dos investigadores é que as informações do doleiro contribuam para a nova denúncia que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai apresentar contra Temer. Reportagem de VEJA revelou que Funaro e Cunha prometiam ter informações capazes de comprometer o presidente, sobretudo em relação à arrecadação de valores para a bancada do PMDB na Câmara. Por esse motivo, travavam um duelo para fechar um acordo de delação e usufruir de seus benefícios: com as mesmas coisas a dizer, não faria sentido para a Procuradoria-Geral da República (PGR) que ambos colaborassem.
Em março, durante entrevista a VEJA, Lúcio Funaro declarou ter se encontrado pessoalmente com Michel Temer, mas o presidente alega que não o conhece. No último dia 2, a Câmara dos Deputados recusou a autorização para que Temer fosse processado a partir de uma primeira denúncia por corrupção passiva apresentada pela PGR. O presidente ainda é alvo de inquéritos por organização criminosa e obstrução de Justiça.
(Com Estadão Conteúdo)