A Polícia Federal (PF) indiciou o ministro Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo, no inquérito da Operação Sufrágio Ostentação – investigação sobre suposto desvio de recursos por meio de candidaturas femininas laranjas nas eleições 2018. Na ocasião, Marcelo Álvaro ocupava o posto de presidente do PSL em Minas. A PF imputa ao ministro a prática dos crimes de falsidade ideológica, associação criminosa e apropriação indébita.
Segundo as investigações, o partido do presidente Jair Bolsonaro usou candidatas em disputas de fachada para acessar recursos de fundo eleitoral exclusivo para mulheres. Os investigadores atribuem ao ministro o papel de articulador do esquema de laranjas.
Bolsonaro decidiu manter Álvaro Antonio no cargo mesmo em meio às apurações da PF e afirmou em junho que “uma vez tendo qualquer coisa mais robusta contra uma ação irregular de ministro, as providências vão ser tomadas”. Segundo informou à coluna Radar, o presidente revelou a amigos que não demitiu o ministro por gratidão, por seu auxílio quando Bolsonaro foi esfaqueado na campanha de 2018: “Me ajudou lá em Juiz de Fora”.
A PF já havia indiciado as ex-candidatas Naftali de Oliveira Neres, Débora Gomes da Silveira, Camila Fernandes Rosa e Lilian Bernardino de Almeida. O total de votos recebido pelas quatro foi próximo de 2.100. Elas ficaram em silêncio em audiência na PF, que as enquadrou por falsidade ideológica, aplicação irregular de verba e associação criminosa.
Em julho, a PF também indiciou Mateus von Rondon, assessor especial do ministro, e Roberto Soares e Haissander Souza, que haviam sido presos, por falsidade ideológica, uso indevido de verba e associação criminosa, com pena máxima prevista de nove anos e três meses de prisão, no total.
Roberto Soares foi coordenador de campanha de Marcelo Álvaro a deputado federal. Em abril, o ministro do Turismo afirmou que as denúncias partiam de “fogo amigo” de dentro de seu próprio partido.
O ministro negou ter patrocinado qualquer esquema de candidaturas irregulares. Na época, disse também que “em breve” as investigações iriam provar que ele “nunca patrocinou nenhum tipo de esquema em Minas’. “Como Deus é o justo juiz, vamos provar nossa total isenção, nossa total inocência”, afirmou.
(com Estadão Conteúdo)