Depois de recentemente investir contra a vacinação infantil durante a pandemia e de insuflar apoiadores a colocarem em xeque a eficácia dos imunizantes contra o coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro amainou o discurso antivacina e, nas últimas semanas, foi informado de que, se concordasse em ser vacinado publicamente, conseguiria preciosos votos na corrida ao Palácio do Planalto. O diagnóstico eleitoral veio após o ministro da Casa Civil Ciro Nogueira, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o presidente do PL Valdemar Costa Neto, responsáveis pela campanha à reeleição, terem encomendado uma pesquisa qualitativa que concluiu que a vacinação de Bolsonaro diante das câmeras poderia dar-lhe até cinco pontos percentuais de intenção de votos.
Pelos cálculos do levantamento, apresentado por conselheiros de Ciro Nogueira ao grupo que colocará de pé o dia a dia da campanha, a imunização pública poderia servir de trampolim para diminuir consideravelmente a distância que separa o presidente do petista Luiz Inácio Lula da Silva, atual líder na disputa presidencial. Como cada ponto percentual equivale a 1,47 milhão de votos, seriam pelo menos 7 milhões de potenciais novos eleitores caso o ex-capitão se imunizasse em uma cerimônia.
Bolsonaro, claro, foi informado das principais conclusões da pesquisa e do desgaste que uma postura antivacina trouxe para sua imagem em um país com histórico de vacinações em massa, mas ainda assim não concordou em receber as doses do imunizante.
Pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira 24 mostra que o presidente recuperou parte do fôlego político ao crescer da casa dos 21% em dezembro para 26% agora, mas ainda está 17 pontos atrás de Lula. Em todas as simulações de segundo turno feitas pelo Datafolha, o presidente avançou, e sua rejeição, por exemplo, embora ainda em impressionantes 55%, caiu cinco pontos.