O presidente Jair Bolsonaro se negou a fazer comentários sobre a chacina em um presídio de Altamira, no Pará, na segunda-feira 29, que resultou na morte de 57 detentos, o maior massacre em penitenciárias desde a morte de 111 detentos no complexo do Carandiru, em São Paulo, em 1992.
Ao ser questionado nesta terça-feira, 30, sobre o caso, Bolsonaro sugeriu que os jornalistas fossem procurar as vítimas dos presos que morreram no Centro de Recuperação Regional. “Pergunta para as vítimas dos que morreram lá o que que eles acham. Depois que eles responderem, eu respondo a vocês”, disse o presidente.
O governo do Pará divulgou nesta manhã a lista com os nomes de todos os presos que foram mortos na rebelião. Dezesseis detentos foram decapitados, enquanto o restante morreu por asfixia. As autoridades ainda trabalham para remover todos os corpos do local.
Após a rebelião, o governo estadual decidiu transferir 46 presos. Oito detentos, identificados como líderes de fações, serão levados para presídios federais. Outros oito ficarão em unidades prisionais na capital Belém, onde cumprirão pena em isolamento. Trinta detentos serão distribuídos entre cinco prisões.
“O objetivo é tirar do mesmo ambiente as facções rivais. Já foram identificados, presos em flagrante e serão responsabilizados alguns dos envolvidos nas mortes”, afirmou Ualame Machado, secretário estadual de Segurança Pública e Defesa Social.
A rebelião começou por volta das 7h da segunda-feira 29, quando um grupo de presos da fação Comando Classe A (CCA) invadiu a ala dos integrantes do Comando Vermelho (CV), um grupo criminoso rival, e ateou fogo em uma das celas. Dois agentes penitenciários foram mantidos reféns, mas acabaram liberados ao final da rebelião.
Segundo a Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe), o conflito foi um acerto de contas, e não um protesto contra as condições do sistema prisional. O presídio tem capacidade para 163 presos, mas abriga atualmente 309 detentos, sendo 287 no regime fechado e 22 no semiaberto.