Meses após o prefeito carioca Eduardo Paes se filiar ao PSD e assumir o diretório estadual da sigla no Rio, seus principais aliados finalmente vão ingressar no partido. No dia 13 de março, um domingo, será realizado um evento na capital fluminense para que nomes como o ex-presidente da OAB Felipe Santa Cruz e deputados que precisaram aguardar a janela partidária sejam anunciados como novos integrantes da legenda de Gilberto Kassab. A ocasião marcará, inclusive, a formalização da pré-candidatura de Santa Cruz ao Palácio Guanabara e a apresentação de postulantes a vagas na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa.
Entre os principais aliados, estão os deputados federais licenciados Pedro Paulo (DEM), Marcelo Calero (Cidadania) e Laura Carneiro (DEM), que hoje ocupam as secretarias de Fazenda, de Governo e de Assistência Social na Prefeitura, e o secretário de Saúde, Daniel Soranz, que não tem vínculo partidário. Outros que integram o núcleo duro de Paes, como os secretários de Educação, Renan Ferreirinha, e de Desenvolvimento Econômico, Chicão Bulhões, já haviam se desvinculado dos mandatos que tinham na Assembleia Legislativa e de seus antigos partidos, PSB e Novo. Fora do núcleo duro, há ainda Aquiles Barreto, ex-PT, que comanda a pasta de Integração Metropolitana.
Eles todos serão candidatos a deputado federal, assim como outros quadros que já compunham o PSD antes da entrada de Paes – caso de Hugo Leal, que está na Câmara desde 2007. A meta do grupo é ousada nas eleições: eleger até 10 deputados pelo Rio, com uma lista que já somaria hoje 1 milhão de votos. Soranz, que teve bons holofotes durante o combate à covid-19, é visto como um ativo importante para o partido conseguir esse feito – a candidatura dele só foi citada de forma mais concreta neste mês.
A formação de uma bancada com mais de 50 parlamentares é a prioridade absoluta do partido de Kassab para outubro, enquanto se mantém dividido entre lançar candidato próprio à Presidência ou caminhar com o petista Luiz Inácio Lula da Silva logo no primeiro turno. No Rio, compor a lista de candidatos a deputado do grupo de Paes tem aspectos positivos e negativos.
A vantagem, além de contar com o prefeito como cabo eleitoral, é que os candidatos que hoje são secretários no município e precisarão se licenciar em abril para disputar eleições devem voltar aos cargos no ano que vem, o que faria com que suplentes da Câmara assumissem os mandatos. Ou seja, um político com poucos votos pode acabar virando deputado mesmo sem integrar a lista original de eleitos.
De negativo, pesa a grande concorrência interna no partido, que pode acabar dividindo votos entre os candidatos. Caso parecido acontece no PL de Jair Bolsonaro, o que tem feito alguns bolsonaristas optarem por siglas alternativas, como o PTB.
Outros secretários de Paes que não concorrerão a deputado federal, e sim a estadual, vão reforçar as fileiras do PSD. São eles: Cláudio Caiado, de Habitação; Eduardo Cavaliere, de Meio Ambiente; Bruno Kazuhiro, de Turismo; e Guilherme Schleder, de Esportes.
Um dos principais agentes da política brasileira nos últimos anos, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, expulso do DEM no ano passado, ainda faz mistério sobre seu futuro. Hoje secretário do governador João Doria (PSDB) em São Paulo, Maia também pode voltar ao Rio e se juntar à turma de Paes no PSD, mas tem convite para se filiar aos tucanos.