Em entrevista ao Estadão, o ministro da Casa Civil Eliseu Padilha afirmou que, após a vitória desta quarta (2), o governo Temer deverá se concentrar na retomada da reforma da Previdência. O Planalto deve trabalhar para tentar recuperar os cerca de 300 votos que afirmava ter na Câmara antes da delação de Joesley Batista para passar o projeto. “Não há parlamentar da base que não esteja convencido de que a reforma da Previdência é imperiosa. Se não a fizermos, em 2024 toda a receita da União vai para a folha de pagamento dos servidores, além de saúde, educação (despesas obrigatórias por lei) e Previdência”, afirmou.
Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a equipe econômica agora quer fazer avançar no Congresso pautas que podem reforçar os cofres da União, como o projeto que permite o parcelamento de dívidas tributárias e previdenciárias (Refis) e o fim da desoneração da folha de pagamento para 50 setores, mesmo que os efeitos só comecem em 2018. Sobre o Refis, a equipe quer passar o projeto como foi enviado pelo governo e não a versão desfigurada aprovada na comissão.
A equipe econômica, que acha possível aprovar a reforma da Previdência até outubro, conta com a versão da comissão especial, apesar de os deputados dizerem que a proposta terá de ser mais enxuta.
O envio da reforma tributária ao Congresso não está nos planos do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, antes da votação da reforma da Previdência. Por isso, a área econômica não viu com bons olhos as declarações do ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy, de que a reforma tributária “pode passar à frente” e ser votada antes.
Racha
O resultado da votação desta quarta-feira (2), porém, reforça a percepção de que a base do governo está rachada e Temer, apesar de vitorioso, está muito enfraquecido. O relatório do deputado Paulo Abi-Achel (PSDB-MG), em favor de que a Câmara enterrasse a acusação contra Temer, obteve 263 votos, 21 ausências e duas abstenções. O número ficou abaixo da expectativa do governo, que era de mais de 300 votos pró-arquivamento, e distante dos 308 votos necessários para aprovar mudanças na Previdência.
O ministro afirmou que a debandada de parte do PSDB é “um problema interno do partido”, e afirmou que os tucanos têm crédito com o governo. Negou, ainda, que tenha havido “toma lá, dá cá” de cargos e emendas para deputados em troca de apoio. “As emendas são impositivas e foram empenhadas tanto para a base do governo como para a oposição. Todos têm direito”, disse.