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Os negócios de Renan Bolsonaro, o Zero Quatro

O filho do presidente da República estreia como empreendedor, solicitando audiência ao Planalto e levando empresários a reunião com ministro

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 mar 2021, 18h52 - Publicado em 27 nov 2020, 06h00
DOAÇÕES - Renan e o logotipo de sua empresa: carro, aluguel e dinheiro -
DOAÇÕES - Renan e o logotipo de sua empresa: carro, aluguel e dinheiro – (./.)

Em setembro passado, Renan Bolsonaro esteve em Vitória, no Espírito Santo, em busca de parcerias para o seu novo negócio. Prestes a inaugurar o escritório da Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, a empresa que ele criou recentemente, o filho Zero Quatro do presidente da República se reuniu com vários empresários. Um deles, dono de uma fornecedora de granitos e mármores, se mostrou particularmente interessado em levar a Brasília um projeto de grande apelo social: um protótipo para construção de casas populares de pedras, com custos, segundo ele, muito mais baixos em relação aos que o governo costuma contratar. “O seu pai, que está à frente desse governo, vai certamente aprovar e vai agradecer por essa iniciativa”, discursou um dos parceiros do projeto, ao anunciar a aliança entre as duas empresas.

Duas semanas depois, o filho do presidente abriu sua empresa de eventos, com a ajuda de patrocinadores, entre eles, a administradora do Estádio Mané Garrincha, onde funciona a sede da Bolsonaro Jr, em Brasília, e os empreendedores do Espírito Santo. A administradora do estádio contribuiu com um bom desconto no preço do aluguel. O grupo capixaba doou um carro elétrico. No dia da inauguração, havia uma grande expectativa. Contando com a provável presença do presidente, convidados viajaram para Brasília para prestigiar a festa, mas Jair Bolsonaro não compareceu. A parceria, por sua vez, apresentou resultados imediatos. No mês seguinte, os empresários conseguiram apresentar ao governo o projeto das casas populares construídas com pedras. E não foi uma apresentação qualquer. O grupo foi recebido, em 13 de novembro, por ninguém menos que o ministro do Desenvolvimento Regional (MDR), Rogério Marinho, responsável, entre outros programas, pelo Minha Casa Minha Vida.

CASA DE PEDRA - Rogério Marinho: o ministro recebeu Renan e empresários a pedido do Palácio do Planalto -
CASA DE PEDRA - Rogério Marinho: o ministro recebeu Renan e empresários a pedido do Palácio do Planalto – (./Reprodução)

Na reunião, que não constou na agenda oficial do ministro, estavam presentes, além de Marinho e dos empresários, Renan e um assessor especial do presidente da República. O grupo discorreu sobre o projeto e o alcance social que ele poderia ter, especialmente diante de uma eventual parceria com o governo. Ao final, todos posaram para uma fotografia, imediatamente postada nas redes sociais. John Lucas Thomazini, presidente da Gramazini Granitos e Mármores, explicou a VEJA como conseguiu chegar a um dos ministros mais poderosos da Esplanada: “O Renan começou tudo, levou para Brasília. O projeto foi enviado para o pai dele, que o encaminhou para o Ministério do Desenvolvimento Regional”. O MDR confirma que o pedido de audiência foi feito pelo gabinete da Presidência, por meio de Joel Fonseca, assessor especial de Jair Bolsonaro, que também estava na reunião. Em relação à presença de Renan, o ministério informou que ele “participou na qualidade de ouvinte e por acreditar que o sistema construtivo teria potencial de reduzir custos para a União”.

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CULTURA - Renan e Frias: proposta para promover competições de games -
CULTURA - Renan e Frias: proposta para promover competições de games – (./Reprodução)

Essa não foi a primeira incursão de Renanzinho no governo. Em agosto, ele se reuniu com o secretário de Cultura, Mario Frias, para discutir uma possível parceria em um projeto para promover competições de jogos eletrônicos. O sobrenome famoso tem ajudado o filho do presidente não só a abrir portas em Brasília como também a atrair colaboradores importantes. Tão logo Renan teve a ideia de começar sua empresa, o advogado Luís Felipe Belmonte, suplente de senador e um dos dirigentes do Aliança pelo Brasil, o partido criado para abrigar o presidente Bolsonaro, se apresentou para auxili­á-lo. “Dei uma pequena ajuda no começo, para fazer a montagem do camarote onde funciona a empresa. Foi de uns 10 000 reais mais ou menos”, afirma Belmonte. A empresa de Renan nasceu com um capital social de 105 000 reais. O logotipo — “JB” Bolsonaro Jr — chama atenção. Antes que se faça alguma ilação, o nome completo do Zero Quatro é Jair Renan Bolsonaro.

Quando se mudou para Brasília, Renan disse a amigos que tinha planos de seguir os passos da família na política, mas logo foi informado de que a lei só permite que familiares do presidente se reelejam no mandato em exercício. Ele, portanto, está impedido de disputar eleição enquanto o pai estiver no cargo. Tímido, o Zero Quatro não gosta de falar em público nem de dar entrevistas. Prefere interagir por meio das redes sociais. Ao se decidir pelo empreendedorismo, o objetivo dele, em princípio, era se tornar um influenciador digital e lucrar com os patrocínios. Brasília tem revelado outras oportunidades de negócios.

Publicado em VEJA de 2 de dezembro de 2020, edição nº 2715

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