Oposição tentará impedir votação de denúncia contra Temer
Deputados oposicionistas não vão registrar presença na sessão que tratará da acusação da PGR contra o presidente, nesta quarta-feira
Líderes da oposição na Câmara anunciaram nesta terça-feira que não vão registrar presença na sessão plenária desta quarta-feira, quando está marcada a votação da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência). O objetivo é tentar impedir que a votação ocorra, deixando Temer “sangrando” por mais tempo.
Para que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), possa começar os procedimentos da votação, é necessário que pelo menos 342 dos 513 deputados registrem presença no plenário. Esse é o mesmo quórum mínimo exigido pelo regimento interno da Casa para que a denúncia da PGR seja aceita. Juntos, partidos da oposição reúnem cerca de 100 deputados, número que, somado à ala oposicionista do PSB, pode chegar a 120 parlamentares.
“A responsabilidade de dar quórum é do governo. Mas é claro que, se o governo der quórum, nós vamos para o embate”, afirmou em entrevista coletiva o líder da minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE). Ele afirmou que os “dados” da oposição mostram que Temer pode sofrer uma derrota na votação desta quarta-feira. “A vaca pode ir para o brejo amanhã”, declarou o petista.
Ciente desse movimento da oposição, lideranças governistas na Câmara tentam mobilizar os deputados da base para que compareçam a sessão e marquem presença, mesmo os que vão votar contra o presidente. “Vamos monitorar a chegada dos deputados a Brasília para garantir que a sessão ocorra. Precisamos até mesmo que aqueles que vão votar contra registrem presença”, disse o líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE).
Galerias
A oposição também anunciou nesta terça-feira que Rodrigo Maia liberou parte das galerias do plenário para que manifestantes favoráveis à saída de Michel Temer acompanhem a votação da denúncia. Segundo o líder do PSB, Júlio Delgado (MG), a galeria será dividida em três espaços: um para imprensa, um para militantes contra o presidente e outra para militância favorável a ele.
A assessoria de imprensa da Presidência da Câmara negou, no entanto, que Maia tenha decidido liberar as galerias. O Departamento de Polícia Legislativa (Depol) informou que, por enquanto, o espaço será aberto apenas a jornalistas.
Ontem, o deputado oposicionista Rubens Pereira Júnior (PCdoB-MA) entrou com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que a votação da denúncia contra Temer e os ministros seja feita de forma separada. O ministro Marco Aurélio Mello foi sorteado relator do caso. Pereira Júnior também promete fazer questão de ordem nesse sentido hoje no plenário da Câmara.