O temor da equipe de Lula com a sonegação de dados na transição
Petistas fizeram chegar a autoridades risco de não ser divulgadas a contento projeções fiscais, de receita, de endividamento e de obras de infraestrutura
![Brazilian President Jair Bolsonaro (C) walks at Alvorada Palace in Brasilia, on October 31, 2022, a day after the presidential run-off election. - A tense Brazil awaited Jair Bolsonaro's next move Monday, as the far-right incumbent remained silent after losing a razor-thin runoff presidential election to veteran leftist Luiz Inacio Lula da Silva -- who now faces a tough to-do list. Bolsonaro was defeated by Lula with a score of 51 percent to 49 percent -- the tightest race since Brazil returned to democracy after its 1964-1985 military dictatorship. (Photo by EVARISTO SA / AFP)](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/10/000_32MH9R3.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
Um dia após a confirmação da vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva para um inédito terceiro mandato à frente do Executivo federal, integrantes da campanha do presidente eleito fizeram chegar a autoridades ligadas a órgãos de controle, em Brasília, o receio de que auxiliares de Jair Bolsonaro neguem acesso a informações sensíveis dos quatro anos de governo do ex-capitão. Em casos mais graves, petistas relataram a ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) que, diante da reticência de Bolsonaro de reconhecer a derrota nas urnas, não descartam que integrantes da atual administração simplesmente possam destruir documentos que, por lei, têm de ser repassados à equipe de transição.
Embora Bolsonaro tenha se notabilizado pelo secretismo de informações relacionadas à pandemia de Covid-19 – negociações sobre a compra de imunizantes ou mesmo o cartão de vacinação do presidente não são de conhecimento público – e de audiências com representantes militares, que na reta final das eleições foram incumbidos de produzir uma auditoria sobre a segurança das urnas eletrônicas, a equipe de Lula projeta que o risco de sonegação de documentos por parte do governo adversário estaria relacionado a dados agregados de valor, como projeções fiscais, de receita, de endividamento e do andamento de projetos de infraestrutura.
Por lei, a equipe de transição de governo é instituída a partir do segundo dia útil após o resultado da disputa presidencial e tem de ter acesso a informações sobre contas públicas, programas e projetos do governo federal. Do lado lulista, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, é cotado para coordenar os trabalhos.
Para fazer frente a eventuais supressões de informação, o TCU anunciou nesta segunda-feira, 31, a criação de um comitê de ministros para acompanhar o processo de mudança de um governo para outro. Também foi aberto um processo para monitorar o compartilhamento de dados brutos e analisar eventuais reclamações de supressão de dados. Temas administrativos e operacionais da transição estarão, no TCU, sob responsabilidade do ministro Antonio Anastasia; os financeiros e orçamentários, dos ministros Vital do Rêgo e Jorge Oliveira.