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O “ruído na comunicação” tem gabinete conhecido no Palácio do Planalto

Trabalho de Fernando Haddad foi dificultado por ataques ao Banco Central, ao mercado e ao ajuste fiscal feitos por Lula, que recuou após apelo do ministro

Por Daniel Pereira 6 jul 2024, 16h41

Em meio à vertiginosa escalada do dólar, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconheceu que falhas na comunicação do governo estavam colaborando para a desvalorização do real frente a moeda americana. “Atribuo a muitos ruídos. Precisa comunicar melhor os resultados econômicos que o país está atingindo”, declarou o ministro, sem dar nome aos responsáveis pelo problema. Não precisava.

Além de fatores externos, foi decisiva para o aumento do dólar a série de ataques do presidente Lula ao Banco Central, à política de juros da autoridade monetária, ao mercado financeiro e às medidas de ajuste fiscal estudadas pela equipe econômica do governo. Numa de suas bravatas, o petista chegou a declarar que não tinha certeza nem mesmo se era necessário realizar algum tipo de corte de gastos.

Freio de arrumação

Para cumprir as metas fiscais até 2026, será necessário um corte bilionário de despesas. Além dessa questão pontual, Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, preparam propostas para conter o crescimento dos gastos obrigatórios, que estão asfixiando as contas públicas. O problema é conhecido. Mesmo assim, o presidente insistiu numa retórica de palanque.

A postura de Lula era estimulada, entre outros motivos, por pesquisas encomendadas pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República que mostravam aprovação da população à ofensiva do petista contra o mercado financeiro e os juros altos. Em entrevista às Páginas Amarelas da nova edição de VEJA, o ministro Paulo Pimenta, que comandava a Secom antes de ser transferido para cuidar da recuperação do Rio Grande do Sul, declarou: “Nós queremos que as pessoas saibam que o Lula é contra a política de juros do Banco Central, que governamos para todos e todas, mas que temos um olhar especial para aqueles que mais precisam”.

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Os ataques ao BC e as contestações ao ajuste fiscal contribuíram para o dólar atingir 5,70 reais. Haddad, então, sentiu-se obrigado a explicar a Lula que, se ele não parasse com sua ofensiva verbal, a valorização da moeda americana impactaria uma série de preços cobrados dos brasileiros, como alimentos, combustíveis e serviços. Ou seja: resultaria em mais inflação. A aprovação popular detectada nas pesquisas da Secom daria lugar a uma reprovação muito maior e mais perigosa, já que pouca coisa afeta tanto o humor do eleitorado quanto a sua situação financeira.

Recuo a contragosto

Diante desse diagnóstico, o presidente resolveu recuar. Em solenidade no Planalto, Lula afirmou que responsabilidade fiscal não é só uma expressão, mas um compromisso do governo. Ele também fugiu de uma pergunta sobre o BC, mostrando ter compreendido finalmente onde o calo aperta: “Eu agora vou conversar sobre feijão e arroz”.

Essas declarações foram acompanhadas de um anúncio por Haddad de um plano de corte de 26 bilhões de reais em despesas no Orçamento de 2025. Foi o suficiente para o dólar voltar a cair. O “ruído” de comunicação, sobretudo aquele saído do mais importante gabinete do Planalto, pareceu contornado. Resta saber por quanto tempo.  

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